Lembrei agora de uma aula de educação física nos tempos de colégio... Era um jogo de futebol onde eu, zagueiro, sempre zagueiro, conversava com o 'goleiro sempre goleiro'. Pra mim, os jogos se resumiam, desde meus 12 anos, a conversas filosóficas com os goleiros. Porque geralmente nós, zagueiros e goleiros, tínhamos mesmo uma inclinação mais apta para atividades mentais do que esportivas.
Nesse jogo-debate do qual me lembrei hoje, falávamos sobre os motivos do mês de agosto ser chamado de "mês do cachorro louco". Concordávamos, de lá de nossos 12 anos, que este mês tinha mesmo um astral meio estranho, e, na ocasião, lembro de nos sentirmos igualmente aliviados com o proeminente fim de tal mês, e com a chegada do doce setembro. E nos aliviava também o tal jogo estar chegando ao fim, e a fantástica habilidade de nosso time que, ofensivamente, não permitia que a bola chegasse do nosso lado, e permitia assim que a nossa conversa fluísse sem intromissões indesejáveis de bolas bicadas!
Hoje, num domingo lindo de sol que veio secar a névoa de uma semana especialmente difícil deste mês do cachorro psicótico, sinto novamente esse alívio de 19 anos atrás. A única diferença é que, na falta do time habilidoso, hoje preciso me ocupar sozinho tanto do ataque quanto da defesa, e ainda arrumar brechas para esses respiros filosóficos. Nostalgia desta época protegida! Alegria por ter armas e estratégias suficientes para seguir por mim mesmo!
Que venha o doce setembro! Que venha com brisas suaves!