quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Passado

É estranho demais pronunciar tudo no passado; a gente andava, eu sentia, ela sorria, ela era... A gente era.
Não é como amputar um membro. É como amputar o que já era invisível e agora ficou ainda mais etéreo. Se perdeu, no ar, no bar, em algum lugar. Onde está aquele amor? Um amor que de um dia para o outro perdeu a identidade, o motivo, a razão.
De repente, ela sumiu. Ela que estava inteira comigo, ao meu lado, comendo pizza e assistindo a um filme, falando besteira, escrevendo poesia. Ela foi arrancada de mim, ela desapareceu em um instante, em uma noite, em uma vogal.
Eu ainda sinto seu cheiro, ainda ouço sua voz, ainda provo seu riso. Não consigo me livrar da sua presença que é um vazio enorme, um abismo sem limite. Tenho medo de cair.
Estou me segurando em uma folha, em um fino ramo.
Ontem mesmo a gente se falou. Passado. Ela me disse – passado – que me amava; passado. Ela perguntou se eu queria um presente de beira de estrada; disse que ia comprar mais mel, porque o nosso estava acabando. Ela tomou um café, fumou um cigarro, entrou num ônibus e sumiu para sempre. Perguntou, disse, tomou, fumou, entrou. Passado. Perguntava, dizia, tomava, fumava, entrava. Passado. Me amava. Passado.

“Que tal levar um tapa?”, me pergunta a vida.
Ela me deixava feliz só de olhar para mim. Eu gostava dos olhos dela. Deixava... Gostava... Passou?
Ainda não posso deixar que passe.
Mas passa. Não passa? O passado?

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Verídico e Tolo

Sento-me ao som dos Gerschwins.
Elizângela toma meu pedido. Concentro-me nas notas do piano. Peço uísque.
De repente, não mais que de repente, ouço uma voz rouca e pastosa.
Nossa, como você é lindo! Que gato!
Olho à minha volta e penso: Será comigo?
De vez em quando tenho estes ímpetos de modéstia plena.
Lá está ela, artificialmente loira, exageradamente maquiada e alzheimermente envelhecida, sentada à mesa a frente, na companhia de outras figuras igualmente esdrúxulas.
Você é sempre gostoso assim ou é só hoje?
Essa mulher poderia ser minha avó!
Como?
Você sabe que é um gato, não sabe? Ah, sabe, ele sabe.
Isto não está acontecendo. Não com a biza da Rita Cadilac.
Viu, sabe de uma coisa? Eu estou bêbada!!
Ah vá!
Você não é daqui, é?
Não
ponto
Sou de São Paulo
ponto
Vem cá, vem.
Pânico.
Senta aqui com a gente. Você vai adorar.
Não quero mais olhar para minha avó depois disso.
Não, obrigado. Eu vou comer.
Uau!!
Jantar!! Eu vou jantar.
Pra quê? Só serve pra engordar.
Há! Falou a Bündchen.
Não, é bom de vez em quando.
Resposta cretina para comentário cretino.

Silêncio.

Silêncio.

Silenc...

Você tem fogo?
Danada, acabou de acender um cigarro. Eu vi!
Tó!
Aaaaai, obrigadinha.
Voz pastosa.
Nojo.
Você conhece o Postinho?
Meu
Deus
Não.
Você não é daqui, é?
Raiva.
São Paulo.
Você não conhece o Postinho?
Meu
Deus.
O que seria este Postinho? Um asilo de idosas da vida? Mulheres com mamilos nos joelhos e mãos deformadas por artrite, batom borrado, brincando com a prótese dentária para cima e para baixo, para cima e para baixo, e babando, babando...
A comida chega. Só consigo dar duas garfadas.
Vamos pro Postinho! Vou te mostrar Vitória inteirinha!!
Como?
Digo, hein? Agora?
Pavor.
Right now.
Sim, ela falou inglês!
Agora não posso.
Como quem diz: quem sabe outro dia… Há!
Vou ao banheiro. Você sabe, né!
NÃO!!! Não sei!! Não quero saber!! Meu Salmão já virou Buchada, Gerschwin já virou Harmonia do Samba!
Aproveito a deixa, pago a conta e fujo. Fujo! Run, Forrest! Run!!

E pronto. A história acaba assim mesmo. Final sem graça pra caramba. Episódio bobo, na verdade. Não sei nem se merecia ter virado texto. Se leu até agora, perdeu tempo. E continua lendo. E assim, vai... Que falta do que fazer, hein..




E ainda está lendo... Quanta bobagem...E você, caro leitor? Conhece o Postinho? E a vida, está atarefada? Sei... Até onde vai isso, me pergunto. Digo, essa leitura banal. Garanto que não vai levar a nada. Garanto mesmo! Pode acreditar. Se quiser continuar lendo, fique à vontade. Continuo escrevendo.


Continuo...


Continuo...


Continuo...


Pelo menos até cans...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Pergunto

É estranha a sensação. Como se as palavras fossem absorvendo os sentimentos. Uma espécie de catarse anulativa. Não sei se gosto da idéia de me transformar em máquina.
A questão é, então, como ser realmente útil à humanidade, sem ser máquina?
Estes humanos que esperam sempre a prontidão absoluta, um sabor já conhecido, uma plasticidade harmônica e vendável. Estes humanos que pouco criam, que muito procriam, que seguem rotinas, que ensaiam o sexo, que traçam mapas e compram bússolas. Eles, que são açoitados pela estética e gostam, que são atropelados pelo tempo e riem, que moram no futuro e morrem no presente, que cumprem as leis em falsidade.
Como manter-me humano nesta caldeira?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Sê de Concreto


Sob a sorte
Sob o sal
Sobre o sexo
Sobre o santo

Em sussurro
Em suspiro
Em segredo
Em si mesmo

Semente
Argamassa
Indecente
Insistente
É
Sente
Sinta
Suma
Salta

Sílaba
Sassarica
Sossega
Cessa

Saci, Ceci, Ciça, Sissi, Insossa...

Soluço
Sucesso
Abscesso
Absinto

Saia
Seio
Seco
Sujo
Em suma
Ssssssssssssssssssssssss.......

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Ignorância inteligente (talvez um pouco de auto-ajuda)

É incrível como as mais despretensiosas das noites são capazes de nos presentear com os mais pertinentes dos temas. Isso nem sempre acaba bem. Às vezes alguém sai chorando, outras vezes inconformado. Às vezes amizades se rompem e só retomam os laços na dor do luto, cinqüenta, sessenta anos mais tarde.
Outra noite, chuvosa, conversávamos em um bar sobre a vida. Um de Nós reclamava de que seria eternamente infeliz, uma vez que nunca se julgava satisfeito com o que tinha. Dizia não ter absolutamente nada do que gostaria - um carro próprio, uma casa própria, um emprego de boa remuneração e que fosse algo muito prazeroso de ser feito e um relacionamento afetivo – e que o pior de tudo era saber que, quando os tivesse, todo esse nada que tinha, seria ainda infeliz, pois procuraria outros desejos não atingidos.
Curiosamente, é este o tema do último espetáculo que estreei. O desejo, que nos move, que nos desespera. O eterno vazio que abastece a humanidade.
O fato é que este assunto nos trouxe aquele, sobre o qual eu gostaria de escrever. A questão levantada por este Um de Nós, era aquela velha sobre a inteligência estar associada ao sofrimento. De que o homem, quanto mais ignorante, menos sofre. (Vide: Como me tornei estúpido, de Martin Page). E eu defendi esta teoria, a noite toda.
Mas havia Outro de Nós naquela mesma mesa, extremamente contrariado com a questão, absurdado e emocionalmente abalado (após algumas doses alcoólicas) com este fato. Como poderia o mais inteligente ser menos feliz? E nós, os defensores, tentávamos em vão convencê-lo de que o mais ignorante não tem tempo ou leitura para levantar questões existenciais. De que as preocupações são mais basais e ligadas à sobrevivência. (A tempo – não relaciono a ignorância com a falta de poder aquisitivo. O ignorante pobre se preocupa com o pão, e o ignorante rico se preocupa com o próximo carro a ser adquirido). De que quanto maior a capacidade de crítica e de análise do ser humano, maior é a amplitude com que vê as coisas do mundo, o que acaba sempre por revelar o lado escuro da lua, o interior da linda caixa vazia, que conseqüentemente traz o sofrimento, a discórdia e a revolta.
Assim mesmo, o Outro de Nós estava impassível. Por isso, cá estou hoje. Só hoje, posso entendê-lo. E explico.
A inteligência, aos olhos dele, não reside neste sábio guardião do eterno questionamento. Para ele, a inteligência está naquele que é capaz de tocar a felicidade a cada efêmero preenchimento do vazio do desejo. Ignorante é o que tanto busca o entendimento e as razões, ao invés de optar pelos simples “porquesins” e “porquenãos” em prol de segundos, horas ou dias de plenitude. Que, preocupado com o vazio que voltará a se formar, não percebe o conteúdo que, naquele momento, o habita.
Ignorante, para ele, é o sábio que não é capaz de mergulhar no mar. Que de tanto tentar entender os movimentos da maré, vê a seus pés somente a areia seca, e é obrigado a voltar no dia seguinte, quando a maré, tão enaltecida e estudada, voltar a subir. E desta forma, infeliz e insatisfeito, o inteligente volta para casa, com os pés sujos e a roupa colada no corpo suado, orgulhoso por ter chegado a, pelo menos, algumas frouxas teorias, mas triste por não tê-las vivido. Enquanto o ignorante, que sentiu em seu corpo os movimentos da maré, fecha os olhos e ainda se lembra do som, do frescor e do prazer do mergulho. O ignorante é, neste momento, a própria maré pelo inteligente pensada.
E anos depois, os netos do inteligente ignorante bocejam, enquanto os netos do ignorante inteligente sonham, aos ouvi-los contando da vida.Obrigado ao Outro de Nós, por me mostrar sua inteligência, frente à minha ignorância naquela noite.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O espinho

A flor. Mais bela que ela, não havia.
Tinha medo – medo de ser tirada do vaso, onde vivia.
Quem Dela Cuidava recebia flores todos os dias. Flores sem causa, sem ironia, que para nada serviam, senão para colorir a vida de quem as recebia. Amava a outra, a que havia plantado, e ela somente. As outras, sem terra, sem vaso, logo morriam.
Mas o medo que A Realmente Amada tinha, gerava nela espinhos cada vez mais afiados, cada vez mais rancorosos.
Até que um dia, Quem Dela Cuidava foi tentar tocá-la, para dela tratar. E a flor que tudo possuía, feriu os dedos de quem realmente a amou, um dia.
E assim, na triste impossibilidade de ser cuidada sem ferir, de ser amada sem machucar, A Realmente Amada foi ao meio partida, ao lixo lançada e, regada a lágrimas, dolorosamente esquecida.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Primeira Canção

Esperado


Sento, espero, e penso no tempo
Tempo que foi tempo atrás
Tento, um tempo, que era de espera
De tanto faz
E nada mais

E tento me achar
No que me corrói
Tempo que é nada
Que hoje me dói
Tarde demais pra ver

Tempo, espero, revejo o vazio
Tudo o que não fiz por ti
Tento, voltar mas, o tempo está frio
Não volta mais, afinal
Morre no cal das horas

Só quero acordar
Do que me destrói
Tudo o que não fui
É o que me remói
Tarde demais pra ser

Olha, estou aqui
Não posso ir embora
Não vai
Volta aqui
Quero tentar viver
Passou depressa
Sento, um tempo
Tarde demais eu
Tento, espero
Um tempo atrás, me
Olha, espero
Um tempo
Me espera
Não posso
Espero
Por mim

(em homenagem ao meu "Y").

Encontrados

Aos poucos encontro por aqui, textos de outrora que me soam tão engraçados, hoje. Engraçados porque não se parecem mais comigo... Talvez não sejam mais meus. Assim, aqui, os entrego.

"Eu queria falar de amor, mas aprendi que do amor não se fala. Do amor se prova.

Eu preciso amar, para conseguir viver. Eu quero poder sentir. Eu quero funcionar meu coração, mas não sei por quem. Não sei por quê. É uma vontade de tocar, sem pele. Uma fome de beijo, sem boca.
Acho que, um dia, já soube amar...mas desaprendi. Me fechei entre muros espessos, em castelos guardados, onde deixo livre minha imaginação; somente ela; semente dela.

Sinto me tão só. Às vezes acredito que me basto, às vezes me devasto em sofrimentos piedosos. Piedosos de mim. Isso me preenche por alguns segundos e me alucina em um choro seco, soluços mudos, gritos abafados.

Fumo, não bebo. O álcool me rouba. De quem? Quem?

Quero ter a coragem de sair pelas ruas, de me transbordar, de me permitir. De beijar rostos amigos, de berrar nomes absurdos e pensamentos imperfeitos. Quero poder errar. Quero ser livre na simplicidade do humano."

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Caixas, Reformas e Chet Baker

Há seis meses estou envolvido em uma reforma. A busca pela morada ideal. Um trabalho que, confirmando o mito, deveria ter durado dois meses e já beira os sete. Mas não estou aqui para desabafar histórias de pedreiros, marceneiros, serralheiros, eletricistas, pintores, azulejistas, telhadistas e vidraceiros. Estou aqui, pois a reforma está chegando ao fim, e começa a brotar em mim um medo razoável do depois. A busca pela forma, pelo conforto e pela luz certa em cada cômodo de minha nova casa, deixará de ser muleta para a minha busca, de mim mesmo. É tão difícil decidir... As cores, os móveis... O que combina com o que, do que eu gosto ou desgosto, o aval do feng shui para que tudo seja perfeito. Estou construindo um templo de bem estar. Uma gruta da felicidade, onde eu me sinta completamente protegido do mundo mau e triste lá de fora.

Como tudo em mim, o que era para ser cotidiano virou uma obsessão.

E entre livros e revistas de decoração, em meio às minhas incertezas e inseguranças de um não-graduado em design de interiores, inicio o processo de encaixotar minha vida passada, para transportá-la para a vida futura – a que será abençoada pelas boas energias, que me trarão tudo o que eu vier a sonhar. E, ao som viciado do trompete de Chet Baker, começo a perceber a certeza de que vou levar comigo, meu passado. Subitamente, sou eu mesmo a grande ameaça. Por mais que faça o exercício de me livrar do que é obsoleto e inútil, por mais que eu queira encaixotar somente a minha essência, percebo que partes importantes desta essência já são obsoletas.

Como levar o futuro que ainda não há?

E então, começo a suspeitar que esta nova morada, que já me causou tanta dor de cabeça e pressa para que fosse eternamente novidade, será muito parecida com a antiga. Continuarei ouvindo Chet Baker. Continuarei sentado na mesma cadeira que estou agora e escrevendo na mesma máquina. Continuarei buscando temperos excêntricos na minha gastronomia. Continuarei observando com orgulho minha biblioteca, e feliz por poder escolher o livro que eu quiser ler ou reler no momento em que eu quiser. Terei móveis novos, está certo. Mas os móveis novos serão apenas uma nova pele para a alma que já existe. E ao mesmo tempo que esta reflexão me acalma, não posso negar que me frustra um pouco. É como ter construído um moderno parque de diversões repleto de brinquedos já vivenciados.

De qualquer forma, esta essência terá, na nova pele, um outro brilho. A poeira será retirada e substituída pelo pó de outros ares. A luz, certamente, será outra. E que a alma se expanda e ocupe com vigor cada cômodo deste novo teto. Em breve – se o vidraceiro realmente aparecer segunda-feira - teremos novos arranjos para a velha música de Chet.

Curiosidade

E sabe o que é mais curioso nisso tudo?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Insignificante

Ele cultivava dentro de si uma alma sem rosto. E a angústia de não ser quem gostaria. Assimilando os desejos, os discursos e os hábitos de quem com ele convive, percebe-se nu à noite e só no caminho de volta para casa. Nada dele é dele. A casa, o trabalho, os pensamentos. É como um títere que se auto controla, sem força, sem si mesmo, que cansa e desmorona, e se dá um nó nos próprios membros e cordões. E sente raiva, e aguça os defeitos alheios, e goza com eles, procurando assim uma forma de não querer ser quem já não é. Mas falha. E chora. E numa tentativa frustra de escrever sua biografia, lembra-se apenas das memórias dos outros. Um repórter por excelência. E tentando encontrar em seu passado feitos propriamente seus, percebe apenas sofrimentos banais que rodeiam uma única tragédia real: sua incapacidade de ter se criado. Nada mais posso escrever sobre ele, pois nada mais há para ser escrito. Resta em mim, neste momento, um alívio tremendo por não ser ele, por eu ser eu.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O ÓCIO

Um estado de falta de fôlego, de taquicardia, de eterna náusea, de anorexia. Uma entorpecente dificuldade de foco, uma nebulosa visão, desatenção. Tremor, ofegância, ânsias, anseios, ansiedades. Uma aceleração disritmada das conexões neuronais, uma sensação de multiplicação desenfreada de neurônios sedentos por qualqueres. Tiques, TOCs, espirros. Ações inúteis, depressões, agitações. Pessimismos, oásis de otimismos, pessimismos. Desespero. Espera. Ação. Espirros. Sentares, levantares, deitares. Traves de mandíbula, hiperatividade da língua dentro da boca, ou fora, ou nem lá nem cá. Espirros. Cólicas, sentadas, limpadas, levantadas, cólicas, sentadas, levantadas, esquecimento de limpadas, cólicas. Apegos, desapegos. Necessidade de construção que destrói. Corrói, corrói, corrói. Rói. Espirros. Obscenidades, masturbações, ejaculações, culpa. Manchas Sombras. Medo. Ego, Superego, ID. Gás. Secreções espessas. Leituras, esquecimentos. Idéias. Outras leituras. Idéias. Dissertações, dissecções, deturpações. Ficção banalizada, existencialismo frouxo. Tanto que é tão pouco. Tudo que nada é. Motivo destas palavras. Ópio... Ópio? Ópio!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Bafo

Uma Uma - Sabe a Ju namorada do Fê, irmão do Rê, que é amigo da Clau, que tá de caso com a Ale, ex do Fá, filho da Tetê, madrinha da Pati, prima do Rafa, que beijava a Bia, que deu pro Má na festa do Di no quarto da Cris, casada com o Rick, que trabalha com o Du, tio da Fabi, que viajou com a Li, que estudou com o Gui, que jogava com o Gu, da banda do Fla, que brigou com a Tá, que engravidou do Mau, cunhado da Didi, paquera da Mila, enteada da Lu, mãe da Cacá, que tatuou o Gegé, namorado do Bru, que chifrou a Tata, que cheirava com o Binho, que bateu o carro do Ti, que matou a Tati, ex do Dani, marido da Tití, que se jogou na frente do metrô? Teve um filho que chama João Francisco Menezes de Sá de Brito Gonçalves. Tem três dias.
Uma Outra - E...?
Uma Uma - E que ele ainda não tem orkut!
Uma Outra - Tô bege!!!
Uma Uma - Bafão!
Uma Outra - Abafa!!
Uma Uma - E mais... Sabe a Gina?

Eu quero saber mais

Quero saber mais da gastronomia; quero saber mais do vinho; quero saber mais da literatura; quero saber mais da religião africana; quero saber mais da computação gráfica; quero saber mais da fotografia; quero saber mais do cinema; quero saber mais da filosofia; quero saber mais da dança; quero saber mais do canto; quero saber mais da escrita musical e quero saber mais dos arranjos; quero saber mais do saxofone e do piano; quero saber mais da teoria teatral; quero saber mais dos palcos e quero saber mais das encenações; quero saber mais da produção; quero saber mais da administração; quero saber mais do mercado financeiro; quero saber mais do design de interiores; quero saber mais da psicologia aplicada à arte e quero saber mais da arte aplicada à psicologia; quero saber mais da pós-graduação e pós-pós-graduação; quero saber mais do feng-shui; quero saber mais da massoterapia; quero saber mais da medicina chinesa; quero saber mais da geografia; quero saber mais da história; quero saber mais daqueles que vagam mundo afora; quero saber mais dos cocktails; quero saber mais da história da arte; quero saber mais do tango; quero saber mais do espanhol, do francês, do alemão; quero saber mais da sexologia; quero saber mais da relatividade; quero saber mais do tempo; quero saber mais de querer saber mais; quero saber mais do porque de saber mais; quero saber mais de como saber mais; quero saber mais de quando; quero saber mais de onde; quero saber mais de pra que; quero saber alguma coisa que não sei. Não sei. Sabe?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Onde se esconde, o Ano Novo?

Ano Novo... Feliz, Ano Novo. Me sinto recarregado, com energia à flor da pele para começar tudo de novo, ou continuar o passado. E este espírito de Ano Novo, que reina absoluto na noite da virada, que une a humanidade em uma só vibração, de alegria, de paz, de esperança, já começa a lutar por sua sobrevivência. Afinal, até o carnaval, ainda conseguimos manter um pouco deste clima novidadeiro. Mas e depois? Onde se esconde o espírito de Ano Novo no decorrer do próprio ano novo? Aquele enérgico, com garra, otimista! Se perde no trânsito, nas filas de banco, nos saldos negativos? Se perde nas tragédias do Jornal Nacional, nas frustações, no sexo corriqueiro? Se perde na preguiça, no olhar viciado, no cotidiano. É muito difícil o exercício de manter a vitalidade de começo durante o todo. E isto é padrão em todo e qualquer ciclo. Ok, eu sei. Mas gostaria tanto... Acho que o mais emocionante da época de festas, é desejar ao próximo, com verdade, a felicidade nos próximos 365 dias, e saber que o próximo, muitas vezes um completo estranho, te deseja a mesma coisa. Emocionante é o fato de todos estarem otimistas, e agradecerem pelos ganhos, e até pelas perdas, do ano passado. Acho que é isto que se esconde por aí, pelos becos e banheiros públicos. Isto posto, deixo aqui registrada a minha verdadeira resolução para 2008: MANTER O ESPÍRITO DE ANO NOVO. Agradecer e desejar, com verdade, a felicidade do outro. Mais do que, exclusivamente, correr atrás da minha. Sem pieguice. Sem filantropia. Vamos ver... quem sabe? Bom, é isto, além de: fazer academia, terminar a reforma de casa, arrumar um emprego, ler mais, escrever mais, estudar mais, viajar mais...