quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Meu presente para nós


Há pouco menos de um mês, a convite de amigos queridos, pude conhecer uma cantora cubana - a Yusa. Não sei porquê (e não foi só pelo talento excepcional), mas o show da moça me pegou de jeito. Saí mexido, animado, animexido... Saí no meio do segundo show da noite que se seguiu ao dela e encontrei com ela no saguão do Auditório do Ibirapuera, tirando fotos com sua equipe tendo a parede de palato mole do Niemeyer de fundo. 

Eu sabia que venderiam CD's na saída, mas eles ainda não estavam arrumados. Pedi os CD's. A produtora dela foi buscar, trouxe, comprei, ela autografou, ela agradeceu, eu é que agradeci. E fui. E coloquei no carro. E desde então ele não saiu mais de lá.

..., desses presentes que a vida nos dá. Então, Yusa, com sua permissão, pretendo te dar de presente - vou compartilhar essa linda criadora de músicas, como meus votos de um Ano Novo alegre, criativo e saudável!!

Abaixo, o refrão da "Tardes de Café", que diz tudo o que te desejo nestas festas! 

Tardes de Café (Kelvis Ochoa)
Que toda la alegria anide siempre para ti 
Que broten corazones al pasar 
Nene, esta canción es solo para que 
Las aves de tu alma vuelen aunque yo no esté

(Que toda a alegria se aninhe sempre em você
Que brotem corações ao passar
Meu bem, esta canção é só para que
As aves de sua alma voem mesmo que eu não esteja)

Feliz 2013!!!!!




PS.: O vídeo é apenas uma apresentação da cantora. Queria a música que citei acima, mas não achei com boa qualidade! Procurem baixar!
O CD chama "Libro de Cabecera, en Tardes de Café". Uma outra predileta é a versão de 'Close to You' (Burt Bacharach) que é a coisa mais linda e singela!
Para ouvir o CD, clique aqui!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Pensamento aos 7 anos

O amor não nasce do dia pra noite; essa é a paixão, que da mesma forma que vem, vai, e volta quando bem entende, e brinca com a gente. O amor nasce de um gesto bem colocado, de um espreguiçar, de palavras consistentes, de um brinde. Nasce de um sorriso malicioso, de piadas internas, de uma lágrima acolhida. E depois que nasce, não vive só de luz. O amor se nutre de tudo, inclusive da ira, inclusive da mágoa, desde que sempre temperadas com cumplicidade abundante. O amor não é vegetariano, é carnívoro feroz, não mede calorias e não teme o colesterol. Precisa de água, mas prefere os etílicos; aprecia os modismos, mas escolhe o conforto. Aos dois anos acha que anda sozinho, mas tropeça. Aos três elabora promessas, aos quatro delimita os espaços, aos cinco arruma o quarto, aos seis se confunde em si mesmo, e aos sete... Ah, aos sete! Aos sete anos o amor já debate, já dialoga, já se reflete; já carrega um guarda-chuva, mas nem sempre usa, porque não quer, não porque não sabe. Aos sete anos o amor já planeja, e executa; já aprendeu a recuar e entendeu que muitas vezes a não-ação, a compreensão, é a melhor reação. Aos sete anos ele aprende a pedir e também a negar sem o medo de ferir; aprende o ritmo, a harmonia, a dança, e que a melodia pode ser melhor que a letra. Que os próximos sete sejam transformadores e transformados. Que sejam ainda mais amados, pela alma, pela cama, pela calma. Te amo, mais e tanto!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Humaninhos


Humaninho A – Não agüento mais essa seca!
Humaninho B – Minha garganta tá raspando!
Humaninho A – Mal consigo dormir à noite!
Humaninho B – Eu também, não consigo nem respirar! Cof, cof.
Humaninho A – Cof, cof. Pô, São Pedro! Colabora!! Juro que vou dançar pelado na chuva quando chover!!
Humaninho B – Eu também, São Pedro!! Já são dois, hein!

E então, 63 dias depois...

Humaninho A – Olha!!!! Chuva!!!!!!
Humaninho B – Hmmm... Que saudade desse cheirinho.
Humaninho A – Nem me fale! Finalmente!
Humaninho B – Finalmente!
(silêncio)
Humaninho A – Só espero agora não ficar preso no trânsito!
Humaninho B – Putz, nem me fale!
Humaninho A – Porque São Paulo é assim, né...
Humaninho B – Xii, é só cair uma gotinha que pára tudo...
Humaninho A - ... pára tudo!!
Humaninho B – Que merda, hein!
Humaninho A – Parece que neguinho é feito de açúcar!
Humaninho B – Neguinho não sabe dirigir na chuva, não...
Humaninho A – Essa época é uma bosta, chove demais, alaga tudo...
...
...
...

E assim vamos, humaninhos desejantes e insatisfeitos que somos...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Todo cambia




Uma das minhas atividades preferidas no dia do meu aniversário é dar uma olhada nos posts antigos e perceber a força do potencial de transformação do tempo.

Muitas vezes me pego falando: 4 anos é muito tempo entre os 15 e 19 anos, mas não faz tanta diferença entre os 30 e os 34. Que grande bobagem! 1 ano já faz toda a diferença, entre qualquer idade. É impressionante o quanto evoluímos (e às vezes até involuímos) num período de 12 meses.

No meu caso, só posso agradecer por evoluções, ao menos sob meu ponto de vista. E sendo o meu ponto de vista sobre mim mesmo o qual, noves fora, realmente importa no final, sigo agradecendo.

Sempre penso no quanto seria interessante me encontrar com o eu-mesmo de um ano atrás. Facilitaria tanto a vida deste eu-mesmo. Daria tantos gabaritos de pensamentos vãos ou pertinentes, de ideias boas ou bobas, de preocupações úteis e inúteis, de decisões acertadas ou nem tanto. E tais conselhos seriam mais evolutivos para o eu-mesmo de agora do que para o de um ano atrás, certamente. Porque para mim servem como aprendizado. Para o outro, serviriam apenas como proteção que o impediria de seguir adiante, de errar. Errar como sinônimo de seguir... Gosto tanto destas habilidades da linguagem.

Hoje, do alto dos meus 32, estou em fase de empreendimentos. Ainda na insistente vontade de obter controle sobre meu futuro, tentando construir abrigos que sei serem feitos de areia fina, me permito a cada dia assumir uma fraqueza diferente, dizer um ‘isso não é pra mim, deixa para os outros’, abrindo dia a dia uma nova brecha no limo da janela da minha própria, única e peculiar existência. O que é meu? O que sou eu? O que estou eu?

A vida aos 32 se arrasta mais lenta, mais densa, mais calma, o que não a torna de modo algum menos intensa, menos viva, menos brilhante do que a dos 22. Aos trinta e dois as coisas passam de modo que eu realmente as posso tocar, sentir, me lambuzar, me misturar com elas, para depois filtrá-las, deixando o que me vale ficar, e o que não é meu ir embora.

Aos 32 é tudo mais tridimensional, as perspectivas são mais óbvias e menos frustrantes, o lado sombrio se torna parte integrante da gravura e não mais apenas um truque da arte. As cores são mais harmônicas e, quando bregas, são escolhas conceituais e não tanto excessos por falta de prática, por tentativas acumuladas de obter acertos. Acertar... Verbo cada vez menos presente. Acertar não ter de acertar... Verbo cada vez mais presente.

E em minhas viagens pelo planeta, um desejo próximo de se concretizar de ir chegando cada vez mais perto do oriente. Orientado, orientando a trajetória. Nos primeiros dias deste 33o ano, visito o estreito que nos separa (separa?), visito as terras daquele cujo nome é dado à idade que começo a percorrer.

Cambia... Todo cambia! A essência se purifica a cada segundo, a cada lágrima, a cada riso. Minha mãe costuma dizer que eu já nasci preocupado. Continuo tentando me ocupar desta pré-ocupacão. Digo que nasci de alma velha, e entre meus boleros ouço a cada dia que mais pareço um menino do que um doutor.

Sendo assim, este menino-doutor, doutor-menino, se despede destes 32 para dar o primeiro passo no infinito dos 33. Que a tal evolução prossiga.

E que prossiga mesmo, porque apesar de toda ela, continuo achando um disparate alguém me ligar no dia do meu aniversário, que não seja para me dar os parabéns!

Afinal, sabendo que não sou o centro do mundo, e que ninguém é – se é que existe um centro – hoje, só hoje, ainda me permito ser, humano!    


Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo
Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia el mas fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante
Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera
Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente
Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Cansada filosofia




No metrô, voltando do trabalho. Naquelas fases da vida em que os rumos se perdem um pouco, os focos embaçam, e o túnel se prolonga, mais escuro, tornando a visão da luz do fim menos aguçada. No metrô, no túnel do metrô, cansado, não-grávido, não-idoso, não-deficiente físico, por sorte (ou mérito?) sentado em assento não preferencial. Pensando nesta vida arborizada, difusa, solúvel e aguada. Pensando no sentido a seguir; ou apenas no sentido; há um?

Em outro assento não-preferencial, ao meu lado, uma senhora aparentando seus 60 anos, mas com voz de 50 (voltando do trabalho?). Veste roupas baratas, sandálias rasteiras com bijuterias falsas como adornos, dando evidência aos pés calejados de unhas mal feitas e sujas; calça de algodão marrom; blusa estampada em tons dourados (ou beges?), como a pele de uma jaguatirica desbotada pela exposição prolongada ao sol; cabelos louros, artificialmente mal pintados por ela própria, em corte reto numa altura indefinida, que não chega aos ombros, tampouco ao Chanel.

Bolsa apoiada nos joelhos. Ela acaba de fechar um pacote de presente da Hering que está em seu colo, entre o peito e a bolsa. Em seu pescoço, um Espírito-Santo dourado pende em excesso por fora da blusa, em cordão do mesmo tom, nem longo, nem curto, em altura tão indefinida quanto a dos seus cabelos.

Ela pega um celular na bolsa, disca. Alguém a atende. Ela agradece entusiasticamente pelo presente que acaba de conferir. Ela adorou. Fala alto. Será que havia um bilhete pedindo que ela só abrisse no caminho de casa? Será que foi dado às pressas, no centro da plataforma, por alguém que entraria num trem que iria para o sentido oposto do nosso? Ela amou o presente. Ela gostou muito. Adorou mesmo. Ela agradece. Sorri. Agradece e sorri. Não, não sorri. Ela ri. E rindo começa a falar de um viagem que fará, provavelmente com a pessoa do outro lado da linha. O presente tinha a ver com a viagem? Ela descobriu a viagem pelo presente? O presente é o presente ou a própria viagem? Ou os dois?

Para onde ela vai? Quando? Fala do lugar onde ficará hospedada. Ela está leve. Está muito feliz com os novos planos. E consegue levar consigo um pouco do meu cansaço e da minha vã filosofia. Seus novos planos me aliviam.

Não sei se ela sabe para onde vai. Talvez não soubesse, assim como eu, até aquele momento. Mas acaba de descobrir um novo destino, com data marcada. E essas luzes fugazes que nos aparecem nas laterais do grande túnel, que passam velozes na marcha do trem, vão dando novos sentidos e rumos quando conseguimos agarrá-las. Ou quando nos são presenteadas. Acho que se há um sentido, é este mesmo, ou melhor, são estes.

Se a luz do fim é o próprio fim, e se nunca a enxergamos em plenitude senão na hora H, talvez devamos parar de procurá-la, e assim olhar mais para os lados luminosos e menos para a frente escura.

No metrô, sentado, voltando do trabalho. Olho para o lado e ganho o presente de um sentido volátil para a vida, que no redigir destas palavras já se perdeu. No metrô só há janelas laterais. Se olharmos à frente, jamais saberemos para onde estaremos indo.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Até a Neosaldina decidiu fazer a "funcionária pública"!

Somos realmente serezinhos bastante frágeis. E isso independe completamente de nossa massa muscular, ou da quantidade de suplementos alimentares que ingerimos. Independe também de nossos cargos profissionais, de nossa conta bancária, e do tamanho de nossa suite.

Semana difícil, essa. Pra começar, um feriado bem no meio, quebrando a harmonia dos dias. Soma-se a isso, a casa destelhada, em obras; os móveis de pernas para o ar; a estante de livros inacessível e o chão da sala, nu. E mais: familiares com problemas de saúde, faxineira de férias, e a ideia insana de organizar um casório em três meses.

Pra piorar um pouquinho mais: extrato bancário, digamos, rebelde; tensões musculares via travesseiro deformado; enxaqueca; e a sensação bizarra de que tudo está bem, em algum lugar, mas não consigo discernir exatamente onde.

Alguém sabe me dizer como estão os astros nesta semana? Podem me chamar de esotérico, mas tenho certeza que, dentro de mim, tá rolando algum tipo de engarrafamento energético que está me impedindo de fluir. Onde está o Marcelo, meu personal-japa-acupunturista neste momento? Por que a Mel não está aqui, reflexologizando meus pés?

Pelo menos meu cachorro-filho me abraça, do seu jeito, mas abraça.

Afe, Neosaldina: pára de ser preguiçosa e me arranca fora essa cefaleia existencial!

domingo, 28 de agosto de 2011

Doce setembro

Lembrei agora de uma aula de educação física nos tempos de colégio... Era um jogo de futebol onde eu, zagueiro, sempre zagueiro, conversava com o 'goleiro sempre goleiro'. Pra mim, os jogos se resumiam, desde meus 12 anos, a conversas filosóficas com os goleiros. Porque geralmente nós, zagueiros e goleiros, tínhamos mesmo uma inclinação mais apta para atividades mentais do que esportivas.
Nesse jogo-debate do qual me lembrei hoje, falávamos sobre os motivos do mês de agosto ser chamado de "mês do cachorro louco". Concordávamos, de lá de nossos 12 anos, que este mês tinha mesmo um astral meio estranho, e, na ocasião, lembro de nos sentirmos igualmente aliviados com o proeminente fim de tal mês, e com a chegada do doce setembro. E nos aliviava também o tal jogo estar chegando ao fim, e a fantástica habilidade de nosso time que, ofensivamente, não permitia que a bola chegasse do nosso lado, e permitia assim que a nossa conversa fluísse sem intromissões indesejáveis de bolas bicadas!

Hoje, num domingo lindo de sol que veio secar a névoa de uma semana especialmente difícil deste mês do cachorro psicótico, sinto novamente esse alívio de 19 anos atrás. A única diferença é que, na falta do time habilidoso, hoje preciso me ocupar sozinho tanto do ataque quanto da defesa, e ainda arrumar brechas para esses respiros filosóficos. Nostalgia desta época protegida! Alegria por ter armas e estratégias suficientes para seguir por mim mesmo!

Que venha o doce setembro! Que venha com brisas suaves!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Malhando a relação




Ontem uma amiga falava de suas frustrações com os homens atuais, dividindo-os em duas categorias: "os blasés e os cuzões."
Os blasés seriam aqueles que se acham a última bolacha do pacote, resumidamente, e que jogam a lei da oferta e da procura.
- Muita mulher disponível, posso esperar a noite inteira para escolher "a minha merecedora".
Os cuzões seriam aqueles que, teoricamente, querem achar uma fêmea, mas que ainda não sabem lidar com as mulheres modernas mais independentes e que tem medo de assumir compromissos e de se relacionar.

A questão é que, no fundo, acaba sendo tudo a mesma coisa. Os blasés são cuzões e os cuzões são blasés. (Desculpem o palavriado, mas não posso descaracterizar a classificação dela). O que acontece é que as pessoas estão perdendo a mão, estão desaprendendo a se relacionar.

Lembra do post que escrevi sobre escolher amar ou não amar. Pois é. Acontece que as pessoas escolhem amar, racionalmente, mas não fazem nada para colocar o tal amor em prática.
As pessoas escolhem investir num relacionamento com alguém. Mas o que elas fazem? Adicionam a pessoa no face. E basta! Como se isso já fosse o suficiente. Isso gera uma sensação errônea de posse, de garantia. Como se a carinha da menina no rol de amigos já fosse namoro (ou, no mínimo, sexo) garantido quando desse na telha. Eu sempre chamei isso de "teoria do potinho" - coloco a pessoa dentro de um pote e deixo lá, à disposição, para quando o bonito aqui decidir abrir para usar.

Sei que esse tema é batido, ponto comum, clichêzaço!! Não aguento mais falar do amor liquido, e tal, e coisa... Mas por quê ainda dói tanto nas pessoas?

Quando falei em escolher, racionalmente, amar, isso implica em uma série de atitudes e investimentos energéticos para fazer o amor dar certo. Não basta tomar a decisão, ligar a televisão, virar para o lado e dormir. Como se a decisão de amar alguém já fosse o próprio amor! Pois aviso aos navegantes: não é! Essa é uma atitude blasé!
Aquela velha máxima, chatíssima mas verdadeira, do "regar diariamente a plantinha"... Sabe? Pois é! Mas é isso mesmo, fazer o quê? Não tem como fugir disso. Dá trabalho mesmo! Amar é desgastante e queima calorias à beça! Como na malhação, o amor também funciona à base do "no pain, no gain"! A diferença é que a "pain" do amor, é uma delícia!!

Lembra antigamente, quando a mocinha era prometida para o mocinho e o mocinho para a mocinha? Que casavam sem nem se conhecerem direito? Que eram obrigados a permanecer casados, e assim, para não sofrer, aprendiam a amar um ao outro e, subitamente, viam-se "felizes" e satisfeitos com suas vidas amorosas? Quando os homens, para dar conta da poligamia genética da espécie, procuravam as prostitutas (que nada mais são do que os rostinhos da balada e do face de hoje, ou seja, possibilidades de relacionamentos sem compromisso), o que as mulheres, se pudessem, também fariam? Pois é. Estou achando que a fórmula para o casamento dar certo é muito parecida com essa, que sempre foi. Afinal, o casamento é um contrato social acima de tudo. Mas hoje em dia, ninguém mais é obrigado a isso (pelo menos não no mundo ocidentalizado). Ninguém mais precisaria procurar as prostitutas. Trata-se de uma escolha. Assim, hoje, dá para casar em liberdade! E manter casamento em liberdade, pelo livre arbítrio, é muito mais difícil, mas garantia de satisfação quando dá certo! Hoje, não precisamos mais da hipocrisia!

Portanto, a ginástica do amor não pode ser um esforço terrível! Não pode ser aquela aula de bike que você tanto odeia. Deve ser uma energia parecida com a que despendemos num hobbie sério, por exemplo. Deve ser aula de dança, não de aeróbica!
Sabe aquilo que você ama fazer, paralelamente ao seu emprego? E que para dar certo, exige um trabalho danado, mas que você faz sorrindo, com prazer, porque sabe que o resultado vai ser lindo e satisfatório? Pois é: construir uma relação deve ser assim.

Tem o lado ruim, cansativo, frustrante, os dias difíceis... É necessário abrir mão de muitas coisas, deixar-se de lado em alguns momentos (mas sem esquecer de te pegar de volta logo, logo!)... É um castelo de areia fina, frágil, porém lindo!

E essa "atitude amorosa" não pode ser unilateral. E isso está pegando hoje em dia. O individualismo excessivo, a "independência" excessiva, impede que as pessoas se deem ao trabalho de "perder tempo, energia ou dinheiro" num relacionamento. Elas se acomodaram! Afinal, basta ir para balada, ou entrar no facebook, para se deparar com a "enorme variedade de possibilidades" de novos e futuros relacionamentos! MENTIRA! E assim, se enganando desse jeito, as pessoas seguem sozinhas, cuzonas, reclamando e blasés.

Amar e sentir-se amado - tem coisa mais básica e batida do que isso?
Não dá para amar sem sentir-se amado (não estamos falando de amores incondicionais aqui, hein!)
E como fazer? Se estou cheio de amor para dar e não tenho quem receba? Ou melhor, quem saiba receber? Ou melhor ainda, quem saiba amar em troca?
Cuidado com essas perguntas, hein? Elas também soam blasés. Elas podem ser o avesso do individualismo que não ama!
Temos que baixar as expectativas. Afinal, nem sempre o que vem em troca vem do jeito que gostaríamos. O importante é que haja reação! Do tipo que for! O que não dá para aguentar é a apatia! Havendo reação, ótimo! Há vida amorosa aí! A qualidade desta reação, avalie somente depois de recebê-la! Esteja, acima de tudo, receptivo ao amor do outro. E não espere que seja igual ao seu!

PS.: Importante: às vezes isso soa como se o amor fosse algo racional!! A ESCOLHA DO AMAR OU NÃO PODE SER RACIONAL. MAS AMAR SÓ RACIONALMENTE, NÃO EXISTE!! Por isso, quando escrevo aqui do "investimento no amor", quero dizer, na relação. A presença de amor é condição basal! É capital inicial! E o investimento na relação, só faz esse amor inicial render mais e mais e mais! Entende?

E qual o reflexo disso tudo?

O ser humano não é bicho solitário, certo? É bicho de bando!
Então, já que esse excesso de liberdade e de independência está tornando o "relacionar-se" cada vez mais difícil, as pessoas estão voltando às premissas do passado. Ao casamento tradicional, careta e precoce - sim, as pessoas estão, novamente, casando-se muito jovens.

Mas o leite já está derramado. Essa "revolução contra-contra-cultura" leva os questionamentos dentro de si. Por mais tradicional que um casamento hoje tente ser, ele levará em si as ideias de liberdade, de independência, de sexo livre, de facebook, de quantidade de mais para qualidade de menos! A ideia de frescor, de transitoriedade, de lixo descartável, de que o velho e o mesmo não servem mais, dando lugar ao novo e ao inédito!

E isso tudo pode ser maravilhoso! Se um casal decidir se unir e estiver disposto a lidar com toda essa bagagem, a TRABALHAR DURO (mas com tesão!) para transformar o casamento em algo ainda mais sublime e verdadeiro, levando em conta as necessidades humanas e individuais, e este nosso cenário contemporâneo, em prol de um contrato de união real, fiel e delicioso de ser vivido, este casal pode construir um império!
Mas não basta decidir. Não basta saber o que deve ser feito! É necessário fazer! Juntos! O casamento é um projeto em sociedade! E se uma parte não faz, a que faz sozinha um dia se cansa e volta a procurar, lá fora, alguém que esteja tão disponível quanto ela para investir capital sentimental num relacionamento tão complexo (e tão fantástico) como um casamento! E aí surgem os amantes, as brigas de foice, as traições de diversos tipos, as disputas de poder... Enfim, o caos!

Numa sociedade, as disponibilidades para fazer a empresa dar certo devem ser equalizadas! Se um compra as velas, o outro compra o vinho! E assim o barco vai indo, tranquilo, deliciosamente caliente, generoso, cúmplice e companheiro!

É meus amigos, achar um partner é uma arte! Negociar as regras de um contrato é uma arte! E manter o contrato em vigor é também uma arte!

Humano+humano=obra de arte! Construtiva ou destrutiva! É tudo uma questão de escolha e de disponibilidade!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Escolher o amor




Ouvi hoje de uma pessoa próxima e muito amada, que está em meio a uma crise amorosa, o seguinte chavão:

“... Mas nós não escolhemos gostar ou não de alguém!”

No momento da conversa, concordei, por puro impulso. E agora escrevo aqui para discordar.

Talvez exista (e sabemos que existe) uma diferença gigantesca entre os sexos masculino e feminino – quem disse a frase é do time das meninas - mas posso dizer de boca cheia que muitas vezes já escolhi gostar de alguém, e outras mais vezes ainda escolhi não gostar.

É óbvio que alguns impulsos são incontroláveis. Atração física, por exemplo, muitas vezes é oito ou oitenta.

Mas também já escolhi sentir atração física por alguém que, ok, já me atraia alguma coisa, mas não tanto. Queria ficar ao lado dessa pessoa e consegui colocar em evidência os pontos fortes, em detrimento de dar peso aos pontos fracos.
Obviamente, sejamos moderados. Há casos que não fazem milagre. Questões de pele, de cheiro e de textura que ou batem com nossos feromônios ou não. E ponto.

Mas voltando à questão. Sou testemunha de alma de que é possível sim, escolher gostar de alguém. E mais ainda: é possível trabalhar este gosto e chegar ao amor; e mais ainda, é possível antes disso, passar até pela paixão, aquela verdadeira e fulminante mesmo.

E assim como já escolhi gostar num começo de relacionamento, tive que escolher gostar algumas outras vezes, no meio dele. Momentos de crises, de fraquezas, de dúvidas, que me exigiram horas e horas de olhos fechados e de trabalhos de memórias, para poder chegar à conclusão que queria aquilo para mim, e por isso, escolheria gostar novamente. Amar novamente. E quando dava por mim, estava amando ainda mais forte e verdadeiramente. Aceitando os defeitos, respeitando os espaços, descobrindo novidades a cada dia em meio às toneladas de mesmices cotidianas, novos ângulos, novos detalhes antes despercebidos. Um jeito novo de beber água, mudanças no corpo e no toque, mudanças nos beijos... Eternas novidades em meio ao pretensiosamente “conhecido” amante. Pois diversas vezes, descobrimos que não conhecemos assim tão bem, e pensamos novamente se queremos gostar ou não daquele estranho que do dia para a noite aparece. Estranho sim, mas com a mesma essência de sempre.

E também mais freqüente ainda é a escolha de não gostar! Resistir às tentações que aparecem, futuros amantes em potencial por quem, se deixarmos, nos apaixonamos. Mas se não deixarmos, não.
A paixão é química? Sim. Mas a escolha em nos deixarmos nos apaixonar é nossa. Muitas vezes me peguei pensando e sonhando com as qualidades de alguém que andava me rodeando, e quando dava por mim, já estava na iminência de uma paixonite. Opa! Peralá! Se eu quero continuar amando e a cada dia mais apaixonado por quem tenho ao meu lado, minha escolha é “não, não vou me apaixonar por essa pessoa! Hora errada, momento errado. Sorry.” Deste modo, posso até estar perdendo na diversidade, mas a cada decisão desta, a cada força de vontade tomada, as recompensas na qualidade são gigantescas.

Há uma frase da peça “Closer”, que virou filme, que me marcou muito desde a primeira vez, e que me assombra desde então:

“Existe sempre aquele microssegundo de escolha entre o ir ou não ir; entre trair ou não trair.”

Sou humano, afinal, e lotado de defeitos. E é essa frase que faz com que eu lide com minhas culpas. Não digo aquelas católicas, mas aquelas ligadas ao livre arbítrio e a responsabilidade dos meus atos.

“Torna-te responsável por aquilo que tu cativas” – lembrei dessa dias desses.
E em meio a acertos e a erros, nunca tirei minhas responsabilidades da reta. Minhas responsabilidades de ir ou não ir. De passar a gostar ou de não deixar isso acontecer.

Somos humanos, sim. Mas no fim, na maioria das vezes, o cérebro esquerdo (aquele que é chato e racional) sempre decide. A palavra final é dele.

Li hoje mesmo uma reportagem sobre uma síndrome, em que após uma cirurgia de separação de hemisférios cerebrais (isso mesmo, cortam o corpo caloso, que é o que liga as duas metades do cérebro), começa a haver disputa entre as mãos direita e esquerda. Cada lado do cérebro quer uma coisa. Mas geralmente quem dá a palavra final é o esquerdo, e quando isso não acontece, a briga fica de igual para igual. Isso é patológico, ou seja, fora do eixo. O habitual, é que haja esta soberania da razão. Se não nos auto-boicotarmos, é claro.

Esquecer as emoções e os sentimentos?? JAMAIS!! Mas sermos senhores deles! Senhores absolutos –na medida do possível, pelo menos.

Assim, continuo escolhendo amar, escolho amar cada vez mais, e sei que a escolha apesar de racional, é totalmente coerente com meu coração. Pois ele ama por ações, enquanto meu cérebro amar por palavras.

E continuo escolhendo nem mesmo gostar, quando não quero distrações para meu amor.

E sei que isso pode parecer racional ou “papo-cabeça” demais para muitos, mas digo com a maior sinceridade: como é bom para a alma saber de tudo isso! Como é bom para a alma poder amar com qualidade! E como é raro poder encher a boca para dizer “eu te amo”, e como é precioso (talvez a maior de todas as preciosidades) sentir-se amado por amar, e só por isso!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vrai ou Faux?




Como voa o tempo! Estava lendo as pouquíssimas postagens que subi no ano passado e parece que a de junho foi ontem, sendo que, num piscar, será outro junho novamente.
Enfim... Sei que estou um pouco obcecado com essa questão do tempo, da passagem dele, dos gráficos, da linha, afe! Também não aguento mais pensar nisso. Mas como é bom poder olhar para trás e perceber que você realmente colocou em atos muitos dos seus pensamentos; saber que suas ideias não morrem na praia, que não são fantasias absurdas ou neuróticas. Me embebi dessa sensação de ter os pés no chão, apesar dos sonhos, e estou confiando em mim mesmo. Um pouco prepotente, pode parecer, mas não é.
Preciso, neste momento em particular, deste auto-reforço-positivo. Estou aqui, roendo as unhas, frente a uma decisão muito difícil (apesar de ridícula) que tomei, cujos efeitos estão se mostrando mais difíceis ainda. Não vou falar dela. Quero esquecer e não quero criar expectativas.
Voltando à auto-confiança. Sempre fui muito ligado às opiniões alheias, e cada vez mais, ligo menos. Amém! Por um lado, isso é maravilhoso e libertador. Por outro, sinto que minha opinião sobre mim mesmo adquiriu um peso maior, não mais difícil de ser carregado, porém mais cuidadoso. Como se o que penso sobre mim mesmo tivesse cada vez mais valor e devesse ser levado cada vez mais em consideração. Ao mesmo tempo, naturalmente, parece que cada vez menos me importa ter opiniões sobre a vida alheia, e quando me pedem conselhos, olho com mais limpeza e carinho a essas vidas e emito palpites menos contaminados de mim mesmo, e mais essenciais a quem realmente interessam.
E disto eu falo por estar cada vez mais preguiçoso da involução, ou da falta de evolução das pessoas. Outro dia comentava sobre a dificuldade da perda da inocência que a vida adulta nos joga na cara diariamente - e voltamos à questão do tempo; não vou lutar contra ela, deixa rolar. Mas falava da falta de vontade de me envolver com coisas que parecem ser, mais do que são. Quanto mais nos tocamos do backstage da vida, quanto mais percebemos o papelão por trás do cenário, menos acreditamos no que está em volta, o que nos obriga a acreditarmos mais em o que está dentro de nós, para que não percamos a fé. Sabe o bom e velho "somos a semente, ato, mente e voz" que me acompanha há tantos anos? Pois é, bate outra vez, e cada vez mais forte. Ano 1, ano egoísta, no melhor dos sentidos. Ano que dá início ao que espero que seja uma década de verdades e verdades, longe do que é falso, do que é boicote e do que realmente não vale a pena! E que, assim, esta pena seja cada vez mais leve!
Quero gente gostosa ao meu lado, gente clara, gente brilhante. Quero dar pra quem me dá, quero ganhar de quem dei. Quero ser visto antes de ser pago, e ser amado antes de ser cobrado. Gente mesquinha e sangue-suga, fica longe do meu alho!
E se você continua se enganando com você mesmo, continua se enganando com o mundo, continua gostando de se deixar enganar, não é no meu fogão que irá encontrar alimento. Agora, se quer um parceiro para essa dor de ossos que é o amadurecimento, se quer alguém para brincar de criança de vez em sempre, mas que saiba voltar à superfície depois da brincadeira, se quer um companheiro de erros e de perguntas, ao invés do ingênuo dos "acertos" e "respostas", conte comigo, meu amigo! Tamo junto! E vamo que vamo, que a chuva nos espera!
Este post está algo esquizofrênico, eu sei. Mas acreditem em mim: isso é um ótimo sinal!
Enfim... Do que eu estava falando mesmo?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Não-resolução de Ano tipo 1






E está dada a largada para mais um Ano tipo 1. Sempre pensei na linha do tempo desta forma, em décadas. Ano 11, assim, é ano 1. Parece que meus ciclos de vida duram mais ou menos esta quantidade de tempo. Talvez seja coisa de quem nasce em Ano 0, sei lá, mas de fato as coisas assim me ocorrem.
E assim começa meu quarto Ano 1: sem resoluções. Na verdade, com a resolução de não fazer resoluções, para assim cortar as ansiedades pela raiz.
Aos curiosos, conto que, incrivelmente, não viajei no reveillon. Fato que há 11 anos não acontecia. Mas como premiação, pude ser anfitrião de mais de trinta pessoas num final de semana delicioso, onde além de estar com amigos de longa data, com meu pai (com quem não virava o ano também há 11 anos), pude conhecer pessoas novas, pude brincar com o frescor de crianças lindas, cozinhar feito gente grande (em exageros sem fim de quantidades de comidas e bebidas, chegando ao trágico ponto do desperdício), e em meio a muita risada e vinho espumante, chegar ao ponto de gravar um curta-metragem trash nacional da pior qualidade (já editado e prestes a ser lançado em sessão privé).
Cheio de ideias na cabeça para outros filmes, para outros pratos, iniciando um curso profissionalizante de chocolatier, querendo dirigir ao menos uma peça nova neste ano, mergulhado nas deliciosas aulas de francês, canto e culinária, precisando parar de fumar e voltar a dançar e a nadar, disposto a terminar meu romance, atualizar mais meus blogs e ainda criar mais dois (e dar conta de todos), investindo mais na carreira médica em forma de consultório particular, pronto para viajar mais a cada oportunidade de escape, pensando se abro ou não um bistrô, se volto ou não às aulas de saxofone e de alemão... Bem, assim, cada vez mais me dando nós nessa vida multifacetada que amo levar e que escolho para mim, prometo que, neste Ano 1, não farei resoluções. Muito menos a resolução de não começar nada novo, de não inventar mais moda. Afinal, Anos 1 são feitos para isso!
Feliz Ano NOVINHO!!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

EnvelheSendo





Não sei exatamente que palavra usar... Interessante? Talvez! É, talvez seja “interessante” se perceber na linha do tempo; se perceber envelhecendo.

Na vida, existem alguns momentos chave nos quais temos a chance de nos distanciarmos e nos vermos nesse gráfico sem fim definido que é nossa existência. Geralmente são momentos transitórios, de transformação; e teriam mesmo de ser, ou não poderíamos nos comparar conosco mesmos em tempos remotos.

Interessante nos perceber matando (mas não enterrando) algumas de nossas antigas personas, de nossos antigos hábitos, de nossas antigas células.

Interessante perceber as mudanças de resposta do organismo aos estímulos, e seu novo tempo para se recuperar de agressões (endo e exógenas).

Interessante perceber a volatilidade de tudo! De TUDO mesmo! Coisas que algum dia já foram tão importantes, desejos e certezas antes tão bem definidos e infinitos, mostram-se humanos (portanto finitos) e sem importância alguma. E outros vêm, também cheios de si como os anteriores, e por alguns momentos de impulso novamente esquecemos de sua transitoriedade, mas cada vez mais rápido nos lembramos dela, nos dando o direito de dar de ombros para essas peças que nos pregamos.

Interessante perceber-se mais um na multidão, o que não te faz nada especial, e ao mesmo tempo te faz tão especial, mas sem a megalomania da juventude inexperiente.

Interessante perceber que seu ano de nascimento já não aparece mais nas barras de rolamento dos formulários da internet, senão somente depois de duas ou TRÊS rolagens do mouse.

Interessante notar pessoas dez anos mais novas que você, já cheias de experiências, mas ainda tão longe de ter as suas! E notar pessoas dez anos mais velhas que você, e não mais se enganar com sua falsa maturidade e com seu ar adulto que tão bem esconde a fragilidade inerente aos homens.

Interessante perder o deslumbramento inocente, e ainda poder se deslumbrar com a perfeita imperfeição do mundo!

Interessante... Bem interessante esse passo a passo. É, cada vez mais assumo minha nostalgia antecipada do meu momento presente. Sempre fui assim... Viver o presente para poder contar sobre ele no futuro. Ou melhor, vivendo o presente já contando sobre ele no futuro...

Se essa por acaso é a tal crise dos 30, estou achando-a... Bem, interessante!

terça-feira, 6 de julho de 2010


Como viajar é bom! E como me esqueço disso com facilidade, infelizmente. Tenho sempre uma preguiça de fazer as malas e me mandar, mas quando o faço... Ah, o mundo é minha casa!

Interessante e útil é a visão contemplativa que uma viagem nos proporciona, da nossa própria vida.


Acabo de voltar pra casa, depois de cinco dias tranquilos, sabor delícia, regados a muito vinho branco e paixão. E sempre, antes de voltar, me pergunto: pra onde eu vou voltar?

Tenho desejado tanto, há tanto tempo, uma vida mais pacata. E esse conceito de "coisas boutique" que se dissemina por aí, e que em Buenos Aires (de onde vim) é realmente uma febre, me aproxima muito desse sossego que tenho almejado.

Seria mentira (e quem me conhece bem o sabe) se eu dissesse que quero uma casinha no campo. Cosmopolita que sou, arrancaria minha cabeça para instala-la na bunda rapidamente, frente ao tédio campestre como rotina. Mas um pequeno negócio boutique, ou seja, sofisticado porém simplista, elegante e charmoso porém humano, me cairia muito bem. Algo que seja meu, cuidado pelas minhas mãos e mente, feito com muito amor, por mais piegas que isso possa parecer. Proporcionar pequenos oásis aos outros em meio à loucura diária me faria realmente muito bem.

Nada que urgente de lobby, nada que envolva politicagem, caras e bocas, egos e falcatruas... Uma arte palpável, comestível talvez, algo que se aloje na vida do consumidor no ato, diretamente, sem papo cabeça, sem circo, sem show. Algo real, bonito, cheiroso, fino, artesanal e acessível. Algo que eu possa fazer sem leis de incentivo, sem equipes técnicas estelares, sem eruditos metidos à besta me rodeando! E que seja fomentado por ideias de vida e saúde, longe da morte e da doença. O que será, será?

A ver, a ver...