segunda-feira, 23 de julho de 2012

Todo cambia




Uma das minhas atividades preferidas no dia do meu aniversário é dar uma olhada nos posts antigos e perceber a força do potencial de transformação do tempo.

Muitas vezes me pego falando: 4 anos é muito tempo entre os 15 e 19 anos, mas não faz tanta diferença entre os 30 e os 34. Que grande bobagem! 1 ano já faz toda a diferença, entre qualquer idade. É impressionante o quanto evoluímos (e às vezes até involuímos) num período de 12 meses.

No meu caso, só posso agradecer por evoluções, ao menos sob meu ponto de vista. E sendo o meu ponto de vista sobre mim mesmo o qual, noves fora, realmente importa no final, sigo agradecendo.

Sempre penso no quanto seria interessante me encontrar com o eu-mesmo de um ano atrás. Facilitaria tanto a vida deste eu-mesmo. Daria tantos gabaritos de pensamentos vãos ou pertinentes, de ideias boas ou bobas, de preocupações úteis e inúteis, de decisões acertadas ou nem tanto. E tais conselhos seriam mais evolutivos para o eu-mesmo de agora do que para o de um ano atrás, certamente. Porque para mim servem como aprendizado. Para o outro, serviriam apenas como proteção que o impediria de seguir adiante, de errar. Errar como sinônimo de seguir... Gosto tanto destas habilidades da linguagem.

Hoje, do alto dos meus 32, estou em fase de empreendimentos. Ainda na insistente vontade de obter controle sobre meu futuro, tentando construir abrigos que sei serem feitos de areia fina, me permito a cada dia assumir uma fraqueza diferente, dizer um ‘isso não é pra mim, deixa para os outros’, abrindo dia a dia uma nova brecha no limo da janela da minha própria, única e peculiar existência. O que é meu? O que sou eu? O que estou eu?

A vida aos 32 se arrasta mais lenta, mais densa, mais calma, o que não a torna de modo algum menos intensa, menos viva, menos brilhante do que a dos 22. Aos trinta e dois as coisas passam de modo que eu realmente as posso tocar, sentir, me lambuzar, me misturar com elas, para depois filtrá-las, deixando o que me vale ficar, e o que não é meu ir embora.

Aos 32 é tudo mais tridimensional, as perspectivas são mais óbvias e menos frustrantes, o lado sombrio se torna parte integrante da gravura e não mais apenas um truque da arte. As cores são mais harmônicas e, quando bregas, são escolhas conceituais e não tanto excessos por falta de prática, por tentativas acumuladas de obter acertos. Acertar... Verbo cada vez menos presente. Acertar não ter de acertar... Verbo cada vez mais presente.

E em minhas viagens pelo planeta, um desejo próximo de se concretizar de ir chegando cada vez mais perto do oriente. Orientado, orientando a trajetória. Nos primeiros dias deste 33o ano, visito o estreito que nos separa (separa?), visito as terras daquele cujo nome é dado à idade que começo a percorrer.

Cambia... Todo cambia! A essência se purifica a cada segundo, a cada lágrima, a cada riso. Minha mãe costuma dizer que eu já nasci preocupado. Continuo tentando me ocupar desta pré-ocupacão. Digo que nasci de alma velha, e entre meus boleros ouço a cada dia que mais pareço um menino do que um doutor.

Sendo assim, este menino-doutor, doutor-menino, se despede destes 32 para dar o primeiro passo no infinito dos 33. Que a tal evolução prossiga.

E que prossiga mesmo, porque apesar de toda ela, continuo achando um disparate alguém me ligar no dia do meu aniversário, que não seja para me dar os parabéns!

Afinal, sabendo que não sou o centro do mundo, e que ninguém é – se é que existe um centro – hoje, só hoje, ainda me permito ser, humano!    


Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo
Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia el mas fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante
Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera
Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente
Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Um comentário:

Dulce Braga disse...

Parabéns lindo menino preocupado,
Sorriso largo e arrebatador,
Como só as almas doces conseguem estampar!
Beijo grande cheinho de saudade