quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Por trás

Por trás da soberania, da cadeira de veludo que lhe protegia as costas, o que restou no fim? Será tarde demais para encarar a insegurança por trás da fortaleza? Encarar a tristeza e a decepção por trás do sorriso bege? O destino por trás do controle?
O corpo enfraqueceu e lhe sobra a alma. Alma vivida em quantidade, mas pueril em qualidade. O medo. Os questionamentos. A condição de lidar com o próprio travesseiro, no quarto frio e escuro que repele o sono, e procurar os erros embaraçados na rede da solidão.
Afinal, de que adiantou a postura fixa em altivez e inumanidade, se os ombros agora desejam cair e a vergonha os impede? De que serviram tantas provações se agora o público se foi e não pode mais aplaudir?
Mas os enganos continuam vivos. A mente ainda prega as mesmas peças a fim de aliviar o espírito despreparado. O mundo ainda está fechado pelos muros do castelo de areia. Provavelmente terminará assim sua jornada. Da mesma forma que a começou. Mantendo a burrice do não-sorriso e os equívocos dos valores inúteis. Pobre do que se fez rico mas manteve os olhos cerrados diante dos milagres da vida e das reais virtudes da alma. Pobre de quem tanto suou no palco e não tem quem o aplauda, nem si mesmo.

5 comentários:

Ju Hilal disse...

Lindo.

Anônimo disse...

SOBERBO!!!
Que pena...
bjs
Dulce

Anônimo disse...

É MUITO MAIS COMPLEXO DO QUE PARECE.É UMA HISTÓRIA DE VIDA.EXPLICA MAS NÃO JUSTICA.CADA UM SE AGARRA AO SALVA-VIDAS MAIS PRÓXIMO.
Y

Anônimo disse...

Tocante, poético. Pena que baseado num ponto de vista tão deprimente. Me parece injusto fazer uma análise tão simplista de toda uma vida da qual desconhecemos 70% e na qual tantas outras se apoiaram. Um castelo de areia, talvez, mas há 80 anos de pé e dando segurança pra que cada um dentro dele possa ter seu momento "golfinho", seu momento de ócio, e aliviar a pressão de ser bem sucedido em tudo o tempo todo. A vida poderia ser diferente. Poderia ser mil vezes mais dura. Mas não é. Felizmente foi-nos dada a opção de arriscar, de tentar, sem medo do fracasso. Poranto, não é hora de julgar quem conquistou a segurança da qual usufruimos. Se faltou humanidade, nada impede que receba humanidade. Os exemplos ruins, que aprendamos com eles (não precisamos repetí-los). Se sobrou perseverança e segurança, que as tomemos como os bons exemplos. Vamos precisar delas um dia. Bons exemplos não faltam. E é melhor mantê-los em foco, pois são eles que vamos querer passar adiante.

Eduardo disse...

O texto não julga. Só observa...