terça-feira, 19 de maio de 2009

Saturnidade

Uma mistura de sentimentos depressivos e temerosos com necessidades extremas de aconchego e proteção. Carência profunda. Sensação de solidão e de desamparo e a vontade contraditória de cavar minha toca e me esconder da sociedade.
Chegou assim meu Saturno, meses atrás. Na realidade, já há quase um ano. Realidade. Palavra que revela muito do que venho buscando e precisando nos últimos tempos; um reencontro com minhas realidades, com minhas origens.
Nunca estive tão família. Tenho sentido desejos imensos de rever fotografias, de ouvir histórias das gerações que me antecederam, de mergulhar na nostalgia da infância e suas primeiras descobertas.
Estou preferindo calor ao frio. Terra ao ar. Pernas a cabeças.
Tenho me reencontrado comigo mesmo diariamente frente ao espelho, e conversado com esta parte de mim que deriva do umbigo, que é essencial de minha personalidade.
Decidi rever meu nome artístico; Santhiago não sou eu. Sou São Thiago, e voltarei a ser.
Lembranças de tempos de colégio, de amizades primárias.
Sincronismos extremamente afiados, que até geram medos; penso e ligam; sonho e recebo notícias.
Estou caseiro, simplificado, profundo e retrospectivo.
Temos um cachorro, agora. Quero cuidar e ver crescer. Estou pensando mais na casa quando estou na rua do que na rua quando estou em casa.
Comprei roupas de cama novas e fofas. Todo um ritual de eremita para rever meus conceitos, minhas pendências, minhas preferências e escolhas.
E todos estão envelhecendo... E meu irmão está mais perto... E sinto os laços outra vez mais fortes...
E meus amigos também estão assim, cada qual em seu canto.
Fase difícil esta, mas necessária e urgente! O louco sai pelo mundo, se constrói, se destrói, testa máscaras, se reinventa, se espalha feito pólen em vento e agora vai juntado os cacos, as peças, as dicas, as memórias, os fatos, para recomeçar de um ponto que não é inicial e que é mais sólido, robusto e pleno de si.
Lindo, lindo, lindo este processo de individuação! Lindo e árduo, senão qual seria a graça?
Pés na terra, olhos no céu, e vamos andando.

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