Acho que o maior sinal de que estamos envelhecendo é a transformação de nossa relação com a morte. Não só com a nossa, mas com a dos outros.
Quando crianças, ouvimos falar de mortes, longes, distantes. A morte de pessoas que, quando nascemos, já estavam mais pra lá do que pra cá, ou se não, morte de pessoas que nós, por ainda sermos verdes, não tivemos a chance de conhecer a fundo, pessoas que não participaram de nossas vidas. E isso fica distante, como uma tela pendurada, da qual somos apenas observadores.
Sábado passado, morreu Dercy. E eu fiquei extremamente emocionado com sua ida. Chorei, fiz questão de propor brindes e brindes, e se tivesse peitos, eu os mostraria em sua homenagem. Se fosse dez anos atrás, seria mais um dado, mais uma notícia. Sábado passado, foi uma vivência.
Eu não a conhecia a fundo, e nem era um grande fã, apesar de tirar o chapéu pela sua trajetória e pelo seu papel na história dos palcos brasileiros, história da qual sou também personagem, ainda em começo de gênese, mas sou. Enfim, de qualquer forma, ela fez parte da minha existência. Fez parte do meu in e con scientes. Deu tempo.
E isso tende a se intensificar. Hoje, digo que não temo a morte. Não a minha. Mas que medo eu tenho de nunca mais poder abraçar os que eu amo.
3 comentários:
E vc quase me fez chorar junto...
Podia ter mostrado o pinto. Hehehe, naquele bar, ia ser uma sensação.
lindo, lindo.bjs.
Foi, sim. Foi o Luke.
Lembrei muito de vc e do Dan jogando baralho. Tocou aquela música "rolei na areia e fiquei louca". Difícil conter o riso.
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