terça-feira, 28 de outubro de 2008

Martin Page, cadê você?

Estou pirando!
Não quero mais tantas possibilidades! Por que essa mania de querer transformar samba em tango, tango em salsa e salsa em samba? Por que não deixo como está? Samba é samba, cacete!
Não quero acabar sendo vendedor de idéias em doze sem juros! Quero executá-las, mas elas não me deixam em paz, essas mutantes vampiras que me enlouquecem e invadem meus sonhos.
Já pensei em um mural de projetos, de histórias que quero contar e de artes que quero criar. Mas só iria piorar. Minha casa não teria paredes suficientes. E esse blog que olha para minha cara amassada todas as manhãs e me cobra feito fiscal da receita. Tem dias que não sei o que escrever, porra! Tem dias que não consigo escolher!

“Ah, que pão você ficou com esse enxerto de pele de pinto no queixo peludo!”

Pronto, vou aliviando... Esses amigos tão inspirados só pioram esse estado criativo! Preciso de mais amigos cartesianos, de preferência burocratas de pele azul clara e óculos fundo-de-garrafa, e virgens!

Martin Page, onde está você quando eu preciso. Trolha incopetente!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Culpado

Qual é sua culpa?

Ver a criança enferma e ter doado seus genes?
Ver o dinheiro esquecido e transformar-se em dono?
Ver seu amado traído e beijar-lhe a face?
Usar as idéias alheias e sentir-se próprio?
Dormir aos olhos de um velho e não ceder-lhe o assento?
Ver um preto na rua e tremer de medo?
Atrasar a pressa do outro para sanar a sua?
Fingir ser alguém para uns e ninguém para outros?
Matar alguém da família por horas de sono?
Guardar o que pensa pra ti e falar pelos becos?
Roubar as vitórias alheias profanando seus feitos?
Acordar enganando sua mente e estragando ser corpo?
Amar desejando somente recompensas egóicas?
Omitir cortesias verbais em olhares insossos?
Sofrer em vão a preguiça de colocar em ação?
Olhar no espelho e não poder encarar seus olhos?
Culpar o destino pela culpa da culpa que sente?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Calçadas e Descalças

Há sempre aquele dia em que vestimos a calça errada ao acordar, calça que pode ser maior ou menor do que nosso tamanho.
Quando menor, os movimentos são difíceis e apertados, rígidos e sofridos, espremidos e dolorosos. E passamos o dia meio castrados, meio grudados, meio que querendo se livrar do suor pegajoso que nos prega em nós mesmos.
Quando maior, os movimentos são desengonçados, as pernas se esparramam pelos sapatos, se arrastam pelo chão, se sujam de lodo e sentimos a insegurança da exposição pública das partes mais íntimas. E passamos o dia tentando nos colocar no lugar, meio que querendo nos prender a nós mesmos, meio afrouxados, disritmados e ridículos.
Nem tanto a terra, nem tanto o céu.
Quem dera pudéssemos voar à vontade todos os dias, sabendo que estamos bem presos em nossas raízes, e bem soltos em nossos sonhos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Avô, desse jeito... Jamais!

Dizem que o primeiro beijo a gente nunca esquece. Assim como a primeira transa, o primeiro sutien, etc.

Eu jamais me esquecerei do meu primeiro pudim!

Quem me conhece sabe que sou louco por elucubrações gastronômicas, adoro cozinhar e inventar odores e sabores. Mas meu primeiro pudim... Incrível! Um simples pudim, de leite condensado, sabe? Esses, que as avós fazem como ninguém. Pois é... O meu...

Acho que vale ser a primeira foto que eu posto, já que texto algum irá exprimir com exatidão esta proeza.



MAS EU JURO POR TODOS OS SANTOS DO FOGÃO, QUE O GOSTO ESTAVA BOM!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Pra quê?

E a pergunta do dia é:

Pra quê uma dona de casa, casada e com filhos, continua querendo brincar de casinha de bonecas?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Shhh...

Cuidado... Chegue de mansinho, percebendo se o que é para ser está sendo. Ou se o que está sendo transborda o que deveria ser.
São tão tênues nossos limites, quase invisíveis linhas, que constantemente rompemos as fronteiras e cruzamos para terras aonde não fomos convidados.Assim, que a amizade permaneça nos limites da amizade. Que o namoro permaneça nos limites do namoro. E assim vale para o sexo casual, para as relações familiares, para as parcerias profissionais, para as conversas diante do espelho e para qualquer tipologia de encontro possível entre dois ou mais seres.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O que vai ser, senhor? Um coma induzido, por favor.

Tantas vezes me perco na minha própria ansiedade de comprometimento, me afogo nos meu próprios mergulhos, perco o sono com minha seriedade, que gostaria muito de conseguir ser mais relaxado, fazer as coisas por fazer, sem necessidade de ser bem sucedido. Fazer qualquer merda e achar que está bom! Isso é o mais importante: conseguir achar que a mediocridade está ótima!
Eu realmente me jogo em tudo o que faço, em cada idéia que tenho, e transformo incansavelmente todas elas até não agüentar mais essa busca pelo meu conceito de perfeição, que é só quando consigo abandonar. Me incomodo com o comodismo que não tenho em mim.
Dizem por aí que isso é bom. É bom? É bom pra quem vê de fora e aplaude. Vem cá pra dentro, vem. Às vezes tenho a impressão que meu fim será uma explosão. Vou explodir feito balão que não suporta mais o ar jogado pra dentro. E essa explosão poderá vir de diversas formas, a saber: um breve surto psicótico, um pequeno Alzheimer ou, quem sabe, um coma induzido.
Tá aí! Alguém poderia, por favor, me providenciar um coma induzido?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Solutio

Caia!
Me lave e me recrie!
Dissolva minhas certezas
Refresque minha mente
Batize as impurezas
Molhe!
Hipnotize meus ouvidos
Pingue novas melodias
Batuque com cuidado
Enxurre as agonias
Embale!
Faça lama a terra dura
Faça música os meus sonhos
Alie-se à preguiça
Seja lágrima dos tristonhos
Chove!
Quebre o corpo em calafrios
Ensope o mundo em caldo d´alma
Afogue o pó que o tempo junta
E devagar
Cesse sem trauma!