domingo, 3 de agosto de 2008

Pronta!

Pronto.
Estou pronta. Já posso usar a roupa que eu quero, e não preciso mais difamar o que no fundo eu gostaria de ser.
Pronta. Já me olho no espelho e me gosto.
Já me lambuzei de alma leve. Meu olhar é mais branco. Passei alvejante nos dentes e encerei minha pele.
Entreguei meus cabelos. Pode usar, sob minha cabeça quero chapéu furado e arejado.
Estou pronta. Estou ágil. Posso andar nua, ou quase.
Posso ser mais uma, se eu quiser. Não preciso ser mais a outra.
Olha pra mim, olha à vontade. Pode olhar que eu me mostro a você. Não temo nada.
Olha pra mim. Pode comparar à vontade. Sou mesmo parecida com tantas, sou mesmo melhor nisso e pior naquilo. De que importa. Sou eu mesma quando quero, sou as outras quando quero. Não me escondo mais na raridade ou na diferença. Olha, compara, escolhe e compra!
Visto camisola branca e curta, visto as pernas de fora, saio de madrugada, me deixo molhar pela garoa e me transmuto na translucidez.
Estou pronta. Estou lúcida, translúcida, transformada, transsex; transportada por mim mesma.
Estou pronta. Pega a chave, tranca a porta e me deixa pra fora. Estou pronta. Estou feliz.