A Mãe dá banho no pequeno filho.
- Mãe, quantas vezes na vida eu vou precisar tomar banho?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, e escovar os dentes? Quantas vezes?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- E limpar a bunda depois de fazer cocô?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
A Mãe passa a camisa do pequeno adolescente.
- Mãe, quantas vezes na vida eu vou precisar arrumar a cama?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, quantas vezes na vida eu vou precisar comprar camisinha?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- E encher o tanque do carro? E fazer a barba?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
A Mãe prega o cravo no fraque do pequeno noivo.
- Mãe, quantas vezes na vida eu vou precisar esperar do lado de fora das lojinhas?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, quantas vezes na vida eu vou precisar declarar o Imposto de Renda?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- E comemorar o Natal? E pular ondinhas? E jantar com os sogros? E discutir a relação?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
A Mãe enxuga a baba do queixo do pequeno pai.
- Mãe, quantas vezes na vida vou precisar ir a festinhas?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, quantas vezes na vida vou ouvir ‘eu não pedi pra nascer’?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- E pagar pelos brinquedos? E pelos cursos? E não dormir de preocupação?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
A Mãe ajeita a gravata do pequeno pai do formando.
- Mãe, quantas vezes vou chorar de saudades?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, quantas vezes vou desejar ter feito tudo diferente?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, e fazer telefonemas? E esperar por eles? E me sentir só?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
A Mãe segura nos braços do pequeno pai do noivo.
- Mãe, quantas vezes vou me lembrar deste momento?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- E pensar no que fazer agora?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- E me sentir envelhecido?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
A Mãe olha nos olhos do pequeno avô.
- Mãe, quantas vezes vou repetir a mesma história?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, quantas vezes vou me preocupar com novas dores?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
- Mãe, e mostrar a foto dele? E dizer que o amo?
- Muitas vezes, meu filho. Muitas vezes.
O Filho segura nas mãos da pequena mãe.
- Mãe, quantas vezes vou ouvir ‘eu te amo’?
- Poucas vezes, meu filho. Poucas vezes.
- Mãe, quantas vezes vou ter medo da morte?
- Poucas vezes, meu filho. Poucas vezes.
- Mãe, quantas vezes te disse ‘eu te amo’?
- Nenhuma vez, meu filho. Nenhuma vez.
Um comentário:
um nó na garganta...
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