Eu olhei para aquilo tudo e jamais me senti tão entusiasmada. Aquela caixa de madeira toda trabalhada, iluminada por velas ao redor, me transportava aos bosques dos contos de fadas, onde as flores cintilavam com o reflexo da lua no orvalho que nelas pendia. Imaginei aquelas pessoas todas, em suas vestes densas e olhares vazios, dançando em um grande salão de baile, em festa de reis e rainhas. O choro era de alegria, ou no máximo por um príncipe encantado que, desta vez, e apenas desta vez, não apareceu, deixando a donzela a observar a imensidão do mar, do alto de sua torre, à espera de seu grande amor. E foi assim, meu primeiro encontro com a morte.
Fui me aproximando da caixa reluzente, num passo sóbrio e cerimonioso, e pensei se seria desta forma que desfilaria pela nave principal da catedral, no dia do meu casamento. E pensando, hoje, talvez tenha sido tétrica a enorme vontade de rodopiar e gargalhar em gritos histéricos que pulsava dentro de mim, num ritmo sincopado aos meus passos. Me lembro de poucas coisas deste dia, mas jamais me esquecerei do rosto negro que dormia com calma dentro daquela caixa. E a única coisa que me espantou, foi vê-lo dormir, porque era ele quem, de costume, cuidava do meu sono.
Trabalhava em nossa casa, e me contava histórias de heróis para que eu adormecesse. E para que eu acordasse, apenas sorria, e deixava a luz do sol refletir em seus dentes brancos para que, assim, eu sentisse cócegas nas pálpebras e as deixasse abrir sozinhas. O toque de suas mãos no meu rosto costumava ser gélido, e seus olhos, fundos, de modo que, por mais que sorrisse, nunca me convencia de estar realmente alegre.
Mas naquele dia, em que em paz dormia, sua pele estava quente e macia, e seu sorriso, de lábios fechados, jamais tinha sido tão sincero. Eu sabia que Meu Preto estava feliz, e me sentia feliz com isso. O fado que eu ouvia ao fundo, misturado à música da missa que eu ouvia bem ao lado, foram dando lugar a um batuque profano, lá dentro dos meus ouvidos, e eu não pude deixar de reproduzí-lo naquela caixa, batendo forte com as mãos na madeira, e cantando tão alto, que abafei com meu fervor todos os sons de tristeza que pairavam naquela sala. Naquele dia, eu entoei o som verdadeiro do Meu Preto, que depois daquilo, não seria mais meu. E nem por isso eu entristecia, pois sabia que o mundo também merecia a alegria de tê-lo ao lado, a mesma que eu sentia, e a leveza dos sonhos que eu sonhava, quando ele me dormia. Depois disso, lembro que fui carregada para meu quarto, mas só depois de perceber, no rosto daquela negra, que era sua mulher, um enorme traço de paz, alegria e esperança.
E foi assim, meu primeiro encontro com a morte. Foi neste dia, que morri menina, e nasci mulher.
terça-feira, 18 de março de 2008
O Grande Assunto
A falta de assunto anda me atormentando nos últimos tempos. Estou realmente preocupado com meu embotamento de discurso.
É como se todos os assuntos me fossem enfadonhos. Como se não houvesse nada de novo nos mundos dos outros, e menos ainda no meu; ou como se meu mundo estivesse cada vez mais distante do mundo dos outros.
Que medo da psicose!
A mídia está um porre; o futebol nunca esteve no meu vocabulário; até falar mal dos alheios ficou sem graça. Discussões teóricas e filosóficas estão difíceis. Existe, no ar, uma certa preguiça de pensar. Ou talvez pensar seja mais fácil. Pensando bem, ando pensando mais do que falando. É isso. E estou sem muita paciência de compartilhar verbalmente estes meus pensamentos.
A energia e obrigatoriedade criativa estão sugando muitos destes pensamentos. E o pavor do inconsciente coletivo, das idéias roubadas e das cartas marcadas estão me transformando num avarento de assuntos. Lógico. Todo assunto, toda idéia, pode virar um texto, ou pode ser tema do meu próximo livro, ou da minha próxima peça, ou pode virar uma cena de algum espetáculo que estou dirigindo...
Trabalhar com idéias me transforma, a cada dia, em um monge frígido e egoísta. Ao mesmo tempo que este turbilhão de pensamentos me prende em uma ansiedade sem limites. Por onde começar? O que fazer primeiro? Melhor dar um tempo e ler um pouco. E a cada leitura mais um vendaval de sugestões e pensamentos, muitas vezes abstratos e sem sentindo, que podem transfigurar em uma latente obra de arte. Melhor guardar para mim!
A busca pelo destaque neste mundo de tantos de nós afasta a humanidade de si mesmo.
Ou será que minha vida, particular, está tão parada assim? Também pode ser isso. Nenhum grande evento, nenhum grande acontecimento, nenhuma grande novidade. Meu medo de envelhecer sempre girou em torno da carência de novidades. Às vezes dá vontade de ficar preso em uma bolha por algum tempo, para sair e ver o mundo com olhos infantis. Mas eu já faço isso. Na verdade, eu vejo muitas novidades por aí. As pessoas que não estão muito interessadas no meu olhar.
Onde isso vai dar? Que desespero. Até falar sobre a falta de assunto, que poderia ser um assunto interessante, está chato!
Que texto chato!!
Definitivamente, há textos que não devem, jamais, ser escritos pela manhã!
É como se todos os assuntos me fossem enfadonhos. Como se não houvesse nada de novo nos mundos dos outros, e menos ainda no meu; ou como se meu mundo estivesse cada vez mais distante do mundo dos outros.
Que medo da psicose!
A mídia está um porre; o futebol nunca esteve no meu vocabulário; até falar mal dos alheios ficou sem graça. Discussões teóricas e filosóficas estão difíceis. Existe, no ar, uma certa preguiça de pensar. Ou talvez pensar seja mais fácil. Pensando bem, ando pensando mais do que falando. É isso. E estou sem muita paciência de compartilhar verbalmente estes meus pensamentos.
A energia e obrigatoriedade criativa estão sugando muitos destes pensamentos. E o pavor do inconsciente coletivo, das idéias roubadas e das cartas marcadas estão me transformando num avarento de assuntos. Lógico. Todo assunto, toda idéia, pode virar um texto, ou pode ser tema do meu próximo livro, ou da minha próxima peça, ou pode virar uma cena de algum espetáculo que estou dirigindo...
Trabalhar com idéias me transforma, a cada dia, em um monge frígido e egoísta. Ao mesmo tempo que este turbilhão de pensamentos me prende em uma ansiedade sem limites. Por onde começar? O que fazer primeiro? Melhor dar um tempo e ler um pouco. E a cada leitura mais um vendaval de sugestões e pensamentos, muitas vezes abstratos e sem sentindo, que podem transfigurar em uma latente obra de arte. Melhor guardar para mim!
A busca pelo destaque neste mundo de tantos de nós afasta a humanidade de si mesmo.
Ou será que minha vida, particular, está tão parada assim? Também pode ser isso. Nenhum grande evento, nenhum grande acontecimento, nenhuma grande novidade. Meu medo de envelhecer sempre girou em torno da carência de novidades. Às vezes dá vontade de ficar preso em uma bolha por algum tempo, para sair e ver o mundo com olhos infantis. Mas eu já faço isso. Na verdade, eu vejo muitas novidades por aí. As pessoas que não estão muito interessadas no meu olhar.
Onde isso vai dar? Que desespero. Até falar sobre a falta de assunto, que poderia ser um assunto interessante, está chato!
Que texto chato!!
Definitivamente, há textos que não devem, jamais, ser escritos pela manhã!
segunda-feira, 17 de março de 2008
Epitáfio
Aqui jaz um texto.
Fraco, porém sensível, filho desprezado, esposo traído, amante mal amado, pai equivocado. Começado e não terminado.
Escrito em 17 de março de 2008.
Apagado em 17 de março de 2008.
Fraco, porém sensível, filho desprezado, esposo traído, amante mal amado, pai equivocado. Começado e não terminado.
Escrito em 17 de março de 2008.
Apagado em 17 de março de 2008.
sábado, 15 de março de 2008
Soando
Andei me ligando para saber como se sente quem comigo quer falar. E a única conclusão a que pude chegar é de que o telefone toca, toca, sem parar.
Andei prestando atenção na gota, guerreira e insistente, que teima em tentar escorrer pelo pára-brisa num dia cinzento, e que se mantém sendo lançada de volta a si mesma, pelo limpador, sistemático e controlador.
Andei me lembrando deveras dos tempos de infância, com uma saudade inesgotável, e regredindo em vontades de farofa doce com sorvete, groselha e danoninho.
Andei com a preguiça de saber mais, e com a culpa de saber menos, e preferindo observar a pintura natural das nuvens no céu, a tentar encontrar motivos numa grande obra de pincel.
Andei com medo de não saber escrever, com medo de tudo o que preciso ler, com medo do medo de um dia morrer com um grande segredo, e de assim entreter.
Andei perseguindo e me sentindo perseguido e copiando e me sentindo copiado.
Andei pela neve de querer ver somente quem me releve, e assim me ajude nesta árdua missão de ser mais leve.
Andei sem paciência de responder o que ando fazendo, e andei sem alguém que quisesse saber o que ando sendo.
Andei... Hoje, ando. Ando viajando, vagando, festejando, bundando, fumando, fungando, soando, soando. Hoje, só ando, suando.
Andei prestando atenção na gota, guerreira e insistente, que teima em tentar escorrer pelo pára-brisa num dia cinzento, e que se mantém sendo lançada de volta a si mesma, pelo limpador, sistemático e controlador.
Andei me lembrando deveras dos tempos de infância, com uma saudade inesgotável, e regredindo em vontades de farofa doce com sorvete, groselha e danoninho.
Andei com a preguiça de saber mais, e com a culpa de saber menos, e preferindo observar a pintura natural das nuvens no céu, a tentar encontrar motivos numa grande obra de pincel.
Andei com medo de não saber escrever, com medo de tudo o que preciso ler, com medo do medo de um dia morrer com um grande segredo, e de assim entreter.
Andei perseguindo e me sentindo perseguido e copiando e me sentindo copiado.
Andei pela neve de querer ver somente quem me releve, e assim me ajude nesta árdua missão de ser mais leve.
Andei sem paciência de responder o que ando fazendo, e andei sem alguém que quisesse saber o que ando sendo.
Andei... Hoje, ando. Ando viajando, vagando, festejando, bundando, fumando, fungando, soando, soando. Hoje, só ando, suando.
terça-feira, 11 de março de 2008
Me chove
Se chove, quero sol.
Se faz sol, quero chuva.
Mormaço, no me gusta!
Se há carne, quero peixe.
Se há peixe, quero carne.
Frango, no me gusta!
Se estou só, quero companhia.
Se tenho companhia, quero estar só.
Ser mais um, no me gusta!
Se trabalho, quero sossego.
Se sossego, quero trabalho.
Dentista, no me gusta!
Se há plantas, não quero regá-las.
Se não há o que regar, quero plantas.
Mato, no me gusta!
Oh, maldita condição de ser humano!
Se faz sol, quero chuva.
Mormaço, no me gusta!
Se há carne, quero peixe.
Se há peixe, quero carne.
Frango, no me gusta!
Se estou só, quero companhia.
Se tenho companhia, quero estar só.
Ser mais um, no me gusta!
Se trabalho, quero sossego.
Se sossego, quero trabalho.
Dentista, no me gusta!
Se há plantas, não quero regá-las.
Se não há o que regar, quero plantas.
Mato, no me gusta!
Oh, maldita condição de ser humano!
sábado, 8 de março de 2008
Em Si bemol
Um pensamento do autor, à mulher.
Vem cá, deita a cabeça neste colo, que carrega a angústia do mundo.
Passe as mãos neste ventre, que um dia carregou a vida.
Veja a cor das minhas unhas, que carregam os destroços do imundo.
Preste atenção nestes cabelos, que carregam a pele perdida.
Vem, repare nesta roupa quase nova, que veste um desejo afrodisíaco.
Escuta os batimentos deste peito, que nutre com amor um ser vazio.
Entende esta cabeça que compete, que oscila entre o que é triste e o que é maníaco.
Enxerga com estes olhos não pintados, que pintam de lirismo o que ruiu.
Tenta, tinge estes seus lábios de vermelho.
Ampute estes teus pêlos por inteiro.
Esqueça um pouco o preço do dinheiro.
Lute, morre preocupado com o espelho
Afine em agudos tudo o que é grosseiro.
E veste o feminino derradeiro.
Vem cá, deita a cabeça neste colo, que carrega a angústia do mundo.
Passe as mãos neste ventre, que um dia carregou a vida.
Veja a cor das minhas unhas, que carregam os destroços do imundo.
Preste atenção nestes cabelos, que carregam a pele perdida.
Vem, repare nesta roupa quase nova, que veste um desejo afrodisíaco.
Escuta os batimentos deste peito, que nutre com amor um ser vazio.
Entende esta cabeça que compete, que oscila entre o que é triste e o que é maníaco.
Enxerga com estes olhos não pintados, que pintam de lirismo o que ruiu.
Tenta, tinge estes seus lábios de vermelho.
Ampute estes teus pêlos por inteiro.
Esqueça um pouco o preço do dinheiro.
Lute, morre preocupado com o espelho
Afine em agudos tudo o que é grosseiro.
E veste o feminino derradeiro.
terça-feira, 4 de março de 2008
A transa
Eles se amavam. Nada mais e apenas isso. Se amavam nos mais perfeitos moldes românticos. Deixavam Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Julia Roberts e Richard Gere, no chinelo.
Nada faziam o dia inteiro, senão pensar um no outro. Imaginavam seus futuros juntos. Imaginavam seus corpos na cama. Imaginavam carícias, beijos e olhares.
Ele, que era mecânico de automóveis, via os seios delas nos pneus carecas; via o brilho dos olhos dela nas lanternas; via a umidade dela na troca do óleo.
Ela, que era astrônoma, via a força dele em Júpiter; a doçura dele em Vênus; via o calor do seu corpo, em Marte.
Com o passar dos dias, o amor se tornou vício. Isolaram-se no mundo. Não sabiam mais o que se passava na política, no futebol, ou na televisão. Não falavam de outra coisa, senão deles mesmos, e para eles mesmos. Perderam os pais, os irmãos, os amigos, e tornaram-se órfãos, apaixonados.
Ele largou o emprego; ela, também. Ela perdeu o apetite; ele, também. Tornaram-se insones, para não perderem-se um do outro durante os sonhos. Não saíam da cama. Deixaram de se tocar, com medo do desgaste. Apenas se olhavam, o dia inteiro.
Faziam suas necessidades em um balde, para não se separarem. E para isso, não viravam as costas - continuavam a se olhar. Os olhos, secos por não mais piscarem, ardiam. As bocas, secas por não mais beijarem, colavam. As mãos, molhadas por nada tocarem, pingavam.
O mundo era ameaçador demais para aquele amor. Bateram na porta, chamaram polícia, chamaram bombeiros, chamaram doutores. Mas nada penetrava naquele universo egoísta e autônomo.
Numa noite, a noite mais incrível delas, sob a lua eclipsada, saíram. Entraram no carro. Dirigiram, com os corpos grudados, por quatro horas até um campo afastado. Em nada mais pensavam, senão no medo de, um dia, se separarem.
Estacionaram o carro sob uma árvore, triste, pois solitária, que observou quando eles deram as mãos, abraçaram-se e, pela primeira vez nos últimos meses, e desta vez, última, fecharam os olhos.
Foram encontrados desta forma – mortos, os dois, como um. Junto deles, duas pistolas. Dentro deles, um único coração – baleado, mas que mesmo depois de enterrado, jamais deixou de bater.
Nada faziam o dia inteiro, senão pensar um no outro. Imaginavam seus futuros juntos. Imaginavam seus corpos na cama. Imaginavam carícias, beijos e olhares.
Ele, que era mecânico de automóveis, via os seios delas nos pneus carecas; via o brilho dos olhos dela nas lanternas; via a umidade dela na troca do óleo.
Ela, que era astrônoma, via a força dele em Júpiter; a doçura dele em Vênus; via o calor do seu corpo, em Marte.
Com o passar dos dias, o amor se tornou vício. Isolaram-se no mundo. Não sabiam mais o que se passava na política, no futebol, ou na televisão. Não falavam de outra coisa, senão deles mesmos, e para eles mesmos. Perderam os pais, os irmãos, os amigos, e tornaram-se órfãos, apaixonados.
Ele largou o emprego; ela, também. Ela perdeu o apetite; ele, também. Tornaram-se insones, para não perderem-se um do outro durante os sonhos. Não saíam da cama. Deixaram de se tocar, com medo do desgaste. Apenas se olhavam, o dia inteiro.
Faziam suas necessidades em um balde, para não se separarem. E para isso, não viravam as costas - continuavam a se olhar. Os olhos, secos por não mais piscarem, ardiam. As bocas, secas por não mais beijarem, colavam. As mãos, molhadas por nada tocarem, pingavam.
O mundo era ameaçador demais para aquele amor. Bateram na porta, chamaram polícia, chamaram bombeiros, chamaram doutores. Mas nada penetrava naquele universo egoísta e autônomo.
Numa noite, a noite mais incrível delas, sob a lua eclipsada, saíram. Entraram no carro. Dirigiram, com os corpos grudados, por quatro horas até um campo afastado. Em nada mais pensavam, senão no medo de, um dia, se separarem.
Estacionaram o carro sob uma árvore, triste, pois solitária, que observou quando eles deram as mãos, abraçaram-se e, pela primeira vez nos últimos meses, e desta vez, última, fecharam os olhos.
Foram encontrados desta forma – mortos, os dois, como um. Junto deles, duas pistolas. Dentro deles, um único coração – baleado, mas que mesmo depois de enterrado, jamais deixou de bater.
domingo, 2 de março de 2008
O Problema
O problema é o equilíbrio. E vem a marcha. E está tudo bem.
O problema é o pequeno carrinho. E vem a festa. E está tudo bem.
O problema é a nota da prova. E vem o azul. E está tudo bem.
O problema é a bola na rede. E vem a água. E está tudo bem.
O problema é o beijo na boca. E vem a língua. E está tudo bem.
O problema é os pêlos crescidos. E vem a barba. E está tudo bem.
O problema é a ressaca do álcool. E vem a cura. E está tudo bem.
O problema é o nunca do sexo. E vem o próprio. E está tudo bem.
O problema é o fazer do amanhã. E vem a glória. E está tudo bem.
O problema é o adeus aos amigos. E vêm os outros. E está tudo bem.
O problema é as forças armadas. E vem a hérnia. E está tudo bem.
O problema é a locomoção. E vem o carro. E está tudo bem.
O problema é o exame final. E vem o canudo. E está tudo bem.
O problema é a falta de exames. E vem o dinheiro. E está tudo bem.
O problema é o bando de impostos. E vem o banco. E está tudo bem.
O problema é o dente do siso. E vem o dentista. E está tudo bem.
O problema é a viagem dos sonhos. E vem a outra. E está tudo bem.
O problema é a falta de teto. E vem as paredes. E está tudo bem.
O problema é as paredes vazias. E vêm os móveis. E está tudo bem.
O problema é a filantropia. E vem o pão velho. E está tudo bem.
O problema primeiro é o como. O segundo é o quem. E está tudo bem.
O problema terceiro é o onde. O quarto é o quando. E está tudo bem.
O problema é o anel num dos dedos. E vêm as crianças. E está tudo bem.
O problema é a falta de leite. E vem a chupeta. E está tudo bem.
O problema é o grande carrinho. E vem o pequeno. E está tudo bem.
O problema é a falta de sexo. E vêem os filmes. E está tudo bem.
O problema é o desejo proibido. E vem o segredo. E está tudo bem.
O problema é as dores no peito. E vem a aspirina. E está tudo bem.
O problema é o devia ter feito. E vem o futuro. E está tudo bem.
O problema é o anonimato. E vem o sorriso. E está tudo bem.
O problema é a falta de rumo. E vêm os limites. E está tudo bem.
O problema é a mente vazia. E vem o passado. E está tudo bem.
O problema é ser insatisfeito. E vem a preguiça. E está tudo bem.
O problema é a memória que é fraca. E vêem as fotos. E está tudo bem.
O problema é o corpo cansado. E vem o ginseng. E está tudo bem.
O problema são poucos problemas. E vem o suspiro. E está tudo bem.
O problema é estar tudo bem. E vem um problema. E estará tudo bem.
O problema primeiro será. Depois logo é. E então já não há.
E quando o problema não há. Não há como ser. E, então, partirá.
O problema é o pequeno carrinho. E vem a festa. E está tudo bem.
O problema é a nota da prova. E vem o azul. E está tudo bem.
O problema é a bola na rede. E vem a água. E está tudo bem.
O problema é o beijo na boca. E vem a língua. E está tudo bem.
O problema é os pêlos crescidos. E vem a barba. E está tudo bem.
O problema é a ressaca do álcool. E vem a cura. E está tudo bem.
O problema é o nunca do sexo. E vem o próprio. E está tudo bem.
O problema é o fazer do amanhã. E vem a glória. E está tudo bem.
O problema é o adeus aos amigos. E vêm os outros. E está tudo bem.
O problema é as forças armadas. E vem a hérnia. E está tudo bem.
O problema é a locomoção. E vem o carro. E está tudo bem.
O problema é o exame final. E vem o canudo. E está tudo bem.
O problema é a falta de exames. E vem o dinheiro. E está tudo bem.
O problema é o bando de impostos. E vem o banco. E está tudo bem.
O problema é o dente do siso. E vem o dentista. E está tudo bem.
O problema é a viagem dos sonhos. E vem a outra. E está tudo bem.
O problema é a falta de teto. E vem as paredes. E está tudo bem.
O problema é as paredes vazias. E vêm os móveis. E está tudo bem.
O problema é a filantropia. E vem o pão velho. E está tudo bem.
O problema primeiro é o como. O segundo é o quem. E está tudo bem.
O problema terceiro é o onde. O quarto é o quando. E está tudo bem.
O problema é o anel num dos dedos. E vêm as crianças. E está tudo bem.
O problema é a falta de leite. E vem a chupeta. E está tudo bem.
O problema é o grande carrinho. E vem o pequeno. E está tudo bem.
O problema é a falta de sexo. E vêem os filmes. E está tudo bem.
O problema é o desejo proibido. E vem o segredo. E está tudo bem.
O problema é as dores no peito. E vem a aspirina. E está tudo bem.
O problema é o devia ter feito. E vem o futuro. E está tudo bem.
O problema é o anonimato. E vem o sorriso. E está tudo bem.
O problema é a falta de rumo. E vêm os limites. E está tudo bem.
O problema é a mente vazia. E vem o passado. E está tudo bem.
O problema é ser insatisfeito. E vem a preguiça. E está tudo bem.
O problema é a memória que é fraca. E vêem as fotos. E está tudo bem.
O problema é o corpo cansado. E vem o ginseng. E está tudo bem.
O problema são poucos problemas. E vem o suspiro. E está tudo bem.
O problema é estar tudo bem. E vem um problema. E estará tudo bem.
O problema primeiro será. Depois logo é. E então já não há.
E quando o problema não há. Não há como ser. E, então, partirá.
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