Andei me ligando para saber como se sente quem comigo quer falar. E a única conclusão a que pude chegar é de que o telefone toca, toca, sem parar.
Andei prestando atenção na gota, guerreira e insistente, que teima em tentar escorrer pelo pára-brisa num dia cinzento, e que se mantém sendo lançada de volta a si mesma, pelo limpador, sistemático e controlador.
Andei me lembrando deveras dos tempos de infância, com uma saudade inesgotável, e regredindo em vontades de farofa doce com sorvete, groselha e danoninho.
Andei com a preguiça de saber mais, e com a culpa de saber menos, e preferindo observar a pintura natural das nuvens no céu, a tentar encontrar motivos numa grande obra de pincel.
Andei com medo de não saber escrever, com medo de tudo o que preciso ler, com medo do medo de um dia morrer com um grande segredo, e de assim entreter.
Andei perseguindo e me sentindo perseguido e copiando e me sentindo copiado.
Andei pela neve de querer ver somente quem me releve, e assim me ajude nesta árdua missão de ser mais leve.
Andei sem paciência de responder o que ando fazendo, e andei sem alguém que quisesse saber o que ando sendo.
Andei... Hoje, ando. Ando viajando, vagando, festejando, bundando, fumando, fungando, soando, soando. Hoje, só ando, suando.
Um comentário:
Amei Dudu.
Quarta estarei por lá sem falta.
Bjs
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