sábado, 8 de março de 2008

Em Si bemol

Um pensamento do autor, à mulher.


Vem cá, deita a cabeça neste colo, que carrega a angústia do mundo.
Passe as mãos neste ventre, que um dia carregou a vida.
Veja a cor das minhas unhas, que carregam os destroços do imundo.
Preste atenção nestes cabelos, que carregam a pele perdida.

Vem, repare nesta roupa quase nova, que veste um desejo afrodisíaco.
Escuta os batimentos deste peito, que nutre com amor um ser vazio.
Entende esta cabeça que compete, que oscila entre o que é triste e o que é maníaco.
Enxerga com estes olhos não pintados, que pintam de lirismo o que ruiu.

Tenta, tinge estes seus lábios de vermelho.
Ampute estes teus pêlos por inteiro.
Esqueça um pouco o preço do dinheiro.

Lute, morre preocupado com o espelho
Afine em agudos tudo o que é grosseiro.
E veste o feminino derradeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

BELIIIIIIISSIMO!!!

"Afine em agudos tudo o que é grosseiro.
E veste o feminino derradeiro."
Quando isto acontecer com a humanidade em um percentual um pouco maior do que o atual, com certeza teremos menos fome, mais ternura e a tão almejada paz.
E porque não sonhar? Afinal estamos na era de aquário!
Bjs
Dulce