As pessoas, atualmente, tentam escolher seus amores. Atenção: não escolher amar, mas escolher seus amores. E escolhem como quem procura a fruta perfeita numa quitanda, ou o doce mais apetitoso nas prateleiras dos supermercados. As pessoas estão tão habituadas a terem opções, a poderem comprar o que desejam e quando desejam, que trocam de caso como quem troca de roupa. E assim, aos poucos, têm cada vez menos chance de amar; de amar de verdade, não de achar que amam. Porque elas olham para si mais do que para o mundo. E nos parceiros que encontram, procuram por elas mesmas, e não a verdade do outro. E o mundo cada vez mais cheio, e as pessoas cada vez mais solitárias. Quanto maior a oferta, maior a exigência da perfeição. E a perfeição é, ora uma cópia daquele que narcisicamente busca a si mesmo, ora o ideal de si mesmo projetado naquele que é buscado.
E neste ritmo, as pessoas se isolam em si mesmas e nos seus “quase iguais”. O objetivo não é descobrir o novo mundo por trás de outra pessoa, mas sim moldar a outra pessoa ao que melhor se adequa a seus próprios mundos. Assim, podendo encontrar alguém quase pronto, melhor; dá menos trabalho. Eu mesmo pensava assim. Não só pensava, eu dizia; brincando, mas dizia: eu quero me namorar, quero achar alguém igual a mim. Brincava com o ideal dos leoninos, mas dizia. Que sorte! Que sorte não ter me encontrado desta forma.
E de pretensão em pretensão, de defesa em defesa, de boicote em boicote, as pessoas lá estão, se masturbando pensando em si mesmas, achando que o mundo é seu mundo, com medo do que desconhecem, julgando a torto e a direito, emburrecendo homeopaticamente, vazias, vazias, vazias, e procurando, procurando, procurando por elas mesmas, no lugar errado.
Olhando por este prisma, faz muito mais sentido a existência de tanta gente que gira seu mundo ao redor do ‘encontrar alguém‘, não faz?
Um comentário:
Eu, graças a Deus, nunca pensei assim, ainda bem, né? Adoro pessoas diferentes de mim, que me mostrem coisas que ainda não conheço. Obrigado!
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