terça-feira, 2 de setembro de 2008

À Noite

A lua, ontem, era de fino traço. Era adornada por pequenos pontos.
O ar ventava, mas o vento estava parado.
Os passos, meus e de outros, ecoavam sobre viadutos.
Os gatos, pardos, cruzavam seus sentidos.
Assim são as noites banhadas pelo meu olhar.
São cenários varridos e brilhantes, de energia estática e expectante.
Minhas noites são meus palcos.
É à noite que renasço diariamente. É quando visto minha máscara preferida. É quando de elegância lavo meus trajes.
E escolho desfilar por onde passo, sobre pés ou rodas. E me incluo na vida pulsante. E enxergo melhor, porque a luz é melhor. E corro, e salto, e latejo.
É à noite que minha voz está afinada, que entôo meus pensamentos em cânticos. É quando sigo ereto e enxáguo, com meus hormônios, tudo que minha alma consegue ver.
É quando dou cria às sinapses, quando acasalo os insights, quando sorrio pelo peito para poder beijar com a boca.
À noite sou mais fálico, maníaco, mais bicho e mais humano. Sonho sem dormir. Viajo sem sair.
Que o sol brilhe sempre, para poder se pôr.
As noites serão, sempre, e já são, só minhas.
Pobres os santos, donos apenas dos dias.

Nenhum comentário: