quarta-feira, 24 de setembro de 2008

De novo, Inverno

Depois de chuvas e verões diversos, elas finalmente se separam. Elas que se viam uma na outra. Elas que juntas se fizeram.
E seguem em lados paralelos, que se ziguezagueiam vez em quando. Elas que se amavam na outra. Elas que juntas se desfizeram.
E quando em seus quartos, agora separados, se maquiam e se vestem, tomam cuidado com a cor do batom, e escolhem o vestido pensando no tom. Porque a outra está lá fora, em algum lugar, e os gostos são os mesmos, e as roupas são as mesmas.
E quando em seus espelhos, agora separados, se penteiam e se mascaram, tomam cuidado com a forma dos cabelos, e são pensativas ao cobrir os olhos. Porque a outra lá fora pode não estar, e os gostos são outros, e as roupas são feias.
E seguem nas oitavas dos cantos, desafinando vez em quando. Elas que agora se arrependem, de não ter aproveitado a chance que tiveram, de reaprender anualmente a se habituar com o inverno.